quinta-feira, 17 de junho de 2010
A natureza em mutação
É curioso como esta paisagem aqui da prainha em frente da nossa casa se transforma de ano para ano....o mar, senhor disto tudo traz e leva areia, cobre e descobre as rochas, transforma-as em viveiros de mexilhões, arranca pedaços, esconde outros bem visíveis,molda as mais ponteagudas, aguça outras bem polidas; num inverno de temporais e suestes ( vento que torna este mar pacífico numa fúria de quando em quando), o mar vai esculpindo esta costa à sua maneira, sem olhar a meios e sem se preocupar minimamente com o que pensam os mortais, aqueles que querem gozar duma natureza imutável ou tirar partido de localizações demasiado arriscadas.
Estas casas, construídas em 1965, ficavam já bastante perto do mar, separados dele por um declive de rochas suaves, claras, quase róseas e completamente inofensivas. Tinha vinte anos quando vim pela primeira vez, corríamos daqui para o mar pelas veredas cheias de canaviais e cactos e não havia problemas.
Hoje já com mais de 60 tenho dificuldade em me movimentar daqui para o mar , faço-o , mas com algum receio de cair ou de me magoar ao descer as rochas.. Mas como há uma praia bem maior a 10m a pé daqui de casa, é só andar um pouco mais e aí não corro qualquer perigo.
Esta vista daqui é indescritível....tanto mar, tão azul, tão igual todos os anos, tão poderoso e tão cheio das nossas histórias. Hier encore j'avais 20 ans, canta o Charles Aznavour.
O hibisco , a flor mais bonita que aqui floresce
Fico sempre nostálgica quando aqui estou...
Que é dos meus Pais que tanto entusiasmo tinham por este lar, que compraram todas as peças
Quadro feito de um lenço de seda que ofereceram à minha Mãe
que ainda hoje estão nas paredes ao fim de tantos anos, que é feito dos risos, dos churrascos, dos amigos estrangeiros dos meus filhos, das guitarradas, das noites na praia com cobertores e a ver as estrelas, que é dos meus filhos, a crescerem aqui felizes, cheios de amigos, fazendo cinema com a minha câmara Sony, entrevistas e até uma longa metragem chamado LULA 5 1/4? Era um relato sobre um mafioso chamado Giovanni, que lutava contra um russo apelidado de Luisov. Havia uma Virginia Wolf que morria logo no primeiro episódio:((( E ainda o José, menino queque da praia da Luz, que andava munido dum facalhão da cozinha, extremamamente sonso!! E duas misses inglesas, que ficavam histéricas e davam murros na mesa!! Bons tempos....mas é grato recordar.
Fortaleza que dantes parecia abandonada e agora é um restaurante de luxo
Tenho de ir para a praia, são boas horas de experimentar a água gélida....a minha filha já foi há um pedaço...o sol está ferver e convida a um banho.Até logo!