sábado, 6 de novembro de 2010

Outono



Está um dia cinzento, com uma calmaria ímpar, mas a vista descansa sobretudo nas folhagens multicolores que abarco aqui da minha varanda. A mutação das folhas de dia para dia é surpreendente, avermelhadas, laranjas, amarelas, esverdeadas, leveza que substitui o verde carregado do verão. Em breve estas folhas cairão, mas, como as paixões, são maravilhosas enquanto duram....todos os anos é esta a sinfonia outonal e apesar da minha idade, continuo a quedar-me em silêncio diante deste bailado divinal.



POEMA AO OUTONO

Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome,
somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente
e tão avara
de alegria.


Eugénio de Andrade

E a música de Vivaldi: