Não , não estou a falar da revista semanal, nem de nenhuma profecia, estou simplesmente a referir-me aos nossos olhos e à sua capacidade de abarcar o mar dum lado ao outro, o céu de baixo até cima, o desdobrar das ondas a cintilar ao sol, as pessoas
- sobre as quais nada sabemos ou viremos a saber - que neste dia a esta hora se cruzaram connosco diante de todo este esplendor.
Fui a uma consulta de oftalmoogia na Clinica que fica mesma em frente ao mar, quase no Castelo do Queijo, um palacete restaurado, onde os exames à vista custam literalmente "os olhos da cara"! Já lá vou há mais de 20 anos, no início era no Bom Sucesso há uns anos mudou-se para a Foz.
Como cheguei um pouco cedo ao local - o autocarro levou 15m da minha casa lá - andei por ali a passear e e respirar a brisa marítima.
Felizmente que tenho olhos. Ainda bem que vejo tudo, com mais ou menos nitidez- sofro de miopia ligeira - e oxalá nunca deixe de ver. Assustei-me porque andava a ter umas perturbações - flashes de luz num dos olhos - o que já me aconteceu há 4 anos e depois passou. Tive de fazer um exame demorado à retina, com gotas que alargam a pupila. Ainda vejo tudo um pouco turvo neste momento, mas já não ardem. Terei de tomar uns comprimidos todos os dias em jejum para que a doença não evolua...:). Nada de muito grave...
Aqui ficam as fotos que tirei hoje.
Os olhos vêem muito mais. Há que os proteger!
POEMA DOS OLHOS DA AMADAOh, minha amada
Que os olhos teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe nos breus
Oh, minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus
Oh, minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus
Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus
VINICIUS DE MORAIS