segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Quality time




Hoje foi um dia diferente.

Fui buscar o meu neto mais velho ao colégio, depois do treino de futebol, para o levar a um concerto na Escola de Música Silva Monteiro, reputadíssima academia de grandes músicos desta cidade,onde o meu neto aprende a tocar piano com um professor da Universidade de Aveiro, que mostrou interesse em dar-lhe aulas.
Quando lá chegámos, estavam muitas pessoas reunidas no átrio.
O concerto constava de seis peças, uma sonata de Beethoven - 1º andamento, tres peças de Chopin, das quais saliento o Estudo opus 10, nº4, que o rapaz, Raul Peixoto da Costa, de 16 anos, tocou magistralmente. As outras duas peças eram espectaculares, a de Lopes Graça, Música Festiva nº 14 muito original e vistosa, outra, Sugestão Diabólica Prokofiev, igualmente rebuscada e difícil. O meu neto ficou com os olhos em bico quando o viu trocar as mãos e tocar na madeira em alternância com as teclas na peça do compositor português. Todo ele vibrava.
Findo o concerto, propus-lhe irmos jantar os dois à Alicantina, um restaurante muito popular que fica na zona, o que lhe agradou imenso por poder comer um prego no prato e beber um sumo. Fica feliz com pouco, este meu neto.
À vinda para casa, perguntei-lhe: Lembras-te quando eras pequenino e a Avó te contava histórias no caminho do colégio para casa?
E comecei a contar-lhe: Era uma vez um Mocho e uma Raposa. O Mocho estava no cimo duma árvore....ele interrompeu-me logo com jeitinho: Vóvó, não era um corvo? ". Desatei a rir com a minha lacuna...e ele acrescentou filosoficamente: É que as raposas não andam à noite pelos campos....". Uma lição do neto à Avó (já gágá). Continuei a contar a história agora com o corvo no seu lugar. As objecções continuaram: "Como é que o Corvo falava com a Raposa e o queijo não caía?". Respondi: É que ele falava com a boca cheia, como tu, a comer o gelado! Marquei um ponto, finalmente!:))

Assim se acabou a tarde. O pequenito já estava com sono e ainda tinha de tomar banho antes de dormir. Suspirou: Mas porque é que eu fui jogar futebol? Devia era ter ido à piscina como o mano para não ter de tomar banho! . Eram 8 horas.

Fica aqui um Estudo de Chopin em memória destas horas preciosas.