sábado, 20 de novembro de 2010

Tarde calma de outono



Lá fora chuvisca de vez em quando, mas quando as nuvens não estão muito espessas, abrem-se clareiras luminosas de uma cor dourada-prateada magníficas. As árvores saúdam esta luz benfazeja, brilhando em todas as suas gotículas. Uma imagem que se alia ao cheiro característico da humidade entranhada na natureza, só possível nestas épocas de invernia.

O meu neto assobia melodias várias enquanto constrói uma carro em LEGO, bem complexo, com peças minúsculas, que só com uma faca se conseguem separar. Fugiu do irmão mais novo, que não o deixa trabalhar em sossego. É um encanto estar aqui acompanhada desta criança, com os seus sete anos - segundo uma amiga minha é a idade do ouro - cheios de sonhos e auto confiança. Carinhoso, q.b. independente e meigo. Trata-me por Vovó, o que me comove.
Na cozinha, pinto e preparo um assado ao mesmo tempo. Vou-lhe fazer peixinhos da horta, a ver se ele come vagens ( diz que não gosta).
O meu quadro está um pouco gótico, mas hoje enveredei pelo roxo e lilás, cores de que que gosto muito. São invernias também.
Nos intervalos dos assobios, ponho a tocar os Improvisos de Schubert. Maria João Pires no seu melhor.

Quereria guardar estes momentos e metê-los num cofre para os abrir quando, já senil, não puder viver a 100% e os netos já forem grandes , estiverem ocupados e eu rodeada de estranhos. É uma imagem que me assusta.