O nosso país é tão pequenino que se faz em 50 minutos. Incredible!!
E como é que ainda falam em regionalização?
Saímos do Porto as 2.20 e ao bater das 3.10 estávamos em Faro....a sair do avião e a ser bafejados com um vento quente, o cheiro a estevas, o ar de verão, a sensação de que já conhecemos a rota....há 45 anos que a fazemos quase todos os anos, de comboio, de carro, de camioneta, de avião...só não fui de barco nem de mota.
Este ano ja estive três vezes no Algarve, o que é um verdadeiro recorde. Não fosse a bendita Ryanair ( assim continue, mais as suas cornetas a festejar um vôo on time) e nunca o poderia concretizar. A viagem de comboio ou mesmo de carro é por demais fastidiosa e cansativa....o avião não vinha cheio, mas as pessoas tinham todas um ar feliz, vinham muitas crianças; uma delas perguntava à mãe ,curiosa, se ainda estávamos no nosso planeta!
Tirei fotos com o meu IPOD desde o Porto até Faro e nelas se vê como o nosso país é tão dispar, duma paisagem verdejante, que aqui não se vê bem por causa das nuvens, até ao Alentejo seco, castanho e amarelo, com a barragem do Alqueva, azul e luminosa, mas sem vivalma, por fim a ria Formosa, que é um rendilhado de verdes e azuis, que nenhum pintor sera capaz de igualar...e o mar azul, verde, imenso a perder-se nas neblina.
A minha filha já foi tomar um banho aqui em frente de casa, sopra um ventinho cálido, que não chega a arrefecer, daqui a nada vamos jantar à hora britânica no chamado Paraíso da Luz, o primeiro café que aqui apareceu, primeiro uma cabana de madeira tímida, onde tomávamos uns drinks ao fim da tarde, depois um mamarracho enorme com umas varandas colossais sobre a praia onde se estava bem, agora de novo uma casa simpática de madeira, com arquitectura bonita e com a vista magnífica da Rocha Negra ao fim do dia...
É bom voltar sempre....ao que é nosso e já foi dos nossos pais. Tudo aqui tem uma história desde as cadeiras de verga compradas em Loulé até aos ajulejos de Alcabideche ( salvo erro), um lenço trazido de Paris transformado em quadro , uma carapaça de caranguejo de Angola ou Moçambique, umas tenazes do fogão em ferro forjado da casa de Lisboa, um velho barómetro que o meu Pai consultava todos os dias e comentava a propósito....(sempre teve a mania da metereologia, como eu)...a caixinha de costura da minha mãe, a garrafa de champagne gigante transformada em candeeiro ( prenda do meu Padrinho ao meu Pai no dia do seu acesso a Professor Extraordinário, após o concurso), um quadrinho com barcos à vela que trouxeram de Itália, a estante cheia de livros antigos que eu própria escureci com viochene, os cadeirões de bambú com almofadas vermelho vivo, as almofadas que vieram da índia, lá fora a buganvília carregada de flores roxas e amarelas, enfim....um mundo de memórias, que ainda durarão mais uns 50 anos...assim a Família o queira e Deus tb.
Acabo esta entrada agora depois do jantar. O sol morre lá longe. Está-se bem aqui, sem TV, a ouvir o vento, vozes de crianças e risos de ingleses no bar atrás, já um pouco alegres...há um novo stand de gelados aqui junto à Fortaleza, vai ter sucesso com os gulosos dos meus netos. O vento á está mais fresco....mas amanhã é um novo dia do começo das nossas férias.