Basta sair e andar uns dois kms para chegar à zona mais cosmopolita do Porto, a Rotunda da Boavista, com as suas árvores centenárias e belas,
que, nesta altura, ostentam um manto dourado numa das áreas mais poluídas do centro. Perguntamo-nos como é que sobreviveram a tanto despautério, às lufadas de dióxido de carbono que os milhares de automóveis deixam escapar a toda a hora. Aqueles troncos e aquelas raízes devem estar em pior estado do que os pulmões de fumadores de longa data. Mas todos os anos, elas renascem, murcham e estiolam para renascer outra vez... há mais de cem anos. Hoje andei por lá e pela Rua Júlio Diniz,
uma das artérias que , em tempos áureos, se orgulhava de ter as lojas mais chiques da cidade, sapatarias finas, confeitarias, cafés, etc. Hoje quase só se vêem bancos ou lojas de chineses, e umas tantas - bastantes - estão fechadas ou à venda. Faz dó. O mesmo acontece no shopping Cidade do Porto,
onde vou sempre com gosto; loja sim, loja não, vão fechando, abrem outras de quinquilharia, bijuteria barata, sapatarias desportivas e pouco mais. Felizmente a
Livraria Leitura mantém-se estável com o café
Arcádia, onde se podem ainda saborear os chocolates mais conhecidos doPorto, antes dos Ferrero Rocher e os Milka terem invadido os supermercados. O meu Pai levava sempre bonbons da Arcádia
quando vinha ao Porto, cidade de que ele gostava muito e onde comprava grande parte da sua roupa. Pergunto-me o que vai ser destes locais carismáticos, quando a recessão der cabo de tudo....e o que vai ser de nós, que nos habituámos a passar por ali e a sentir o calor das coisas antigas, menos comerciais, familiares e próprias das gentes que aqui vivem.
Vai ser como o bacalhau...
já ninguém se lembra da maravilha que era comer uma posta assada na brasa com cebola e alho, antes de acabarem com o nosso fiel amigo. Já nem sei a que sabe o bacalhau, parece tudo menos aquilo que era...