Adorar o mar e viver a 10-20m dele é sorte demais.
Ninguém em Lx percebe a maravilha que é viver no Porto, julgam estar perto do mar e, afinal, levam pelo menos uma hora a chegar ao Guincho, o verdadeiro paraíso por uma estrada pejada de gente, com engarrafamentos,poluição, acidentes, etc. Só de comboio se pode chegar a Cascais, sem grande problema. E Cascais não é mar a sério. Lembro-me que os meus Pais falavam da "volta dos tristes", referindo-se ao passeio na marginal de Domingo. Realmente não era nada do que se diz nos folhetos.
Aqui - e não me canso de o dizer - decido de pé para a mão o que vou fazer, pego num livrinho, na máquina fotográfica , óculos escuros, Ipod e aí estou eu na paragem, onde o autocarro - o 200 ou o 204 - não demora mais do que 10m a vir. Daí à Foz são 5 a 10m, nunca há trânsito aquela hora. Há quem vá a correr - o meu filho, por exemplo.
Desço a rua do Farol - nome sugestivo e estou com o mar todo à minha frente...barulhento, ondas altas, cheiro característico,gaivotas altaneiras, um ou outro turista mais afoito, cadeiras super-confortáveis, sem música nos altifalantes, maravilha.
Por 7 euros, almoço uma omelete de cebola e salsa, mal passada como gosto com salada e bebo uma água com gaz. Posso estar ali toda a tarde na varanda, nem sequer pago logo. Se está fresco, passo para dentro do café, onde uns pufs maravilhosos esperam por mim com a mesma vista e uma mesa cheia de revistas actuais. Em qualquer outro país pagaria uma fortuna para ter estes privilégios - só um café em Inglaterra custa 3 libras = 4 euros, no Brasil as bebidas eram o dobro.
São horas de paz, de sossego e beleza...não levo telemóvel ou se o tenho não o oiço, pois estou a ouvir música clássica, hoje as Orchestral Suites de Bach, que vou ouvir no dia 11 na Casa da Música com o meu neto e que são emocionantes.
Quando venho para casa, passo pela confeitaria a comprar pão, pelo chinês a ver as últimas novidades (!), compro telas ou objectos domésticos necessários, tudo pelo preço da chuva.
E ainda há quem se queixe tanto de que o Porto não é um bom sítio para se viver...não o trocava por mais lugar nenhum, a não ser a Inglaterra ( por causa das pessoas, não das cidades).