Hoje o meu neto ficou aqui em casa por estar doente - mas não parece, as dores desapareceram num ápice com cházinho, maçã cozida, pao de leite e iogurte. Mimos nunca são demais.Lembro-me como era bom faltar às aulas - o meu neto detesta este facto, adora as aulas - ficar na cama a ler a Condessa de Segur, beber chazinho e comer torradinhas, com mimos especiais, tão raros numa família enorme! O meu Pai era muito rígido e não podíamos faltar , a não ser em casos de doença e febre. Nesses tempos havia muito mais gripes e doenças contagiosas e volta e meia apanhávamos todos papeira ou varicela por arrasto.
Tive um período difícil com anginas - penso que é uma inflamação da faringe - e nessa altura passaram-me para o quarto dos pais pois estava mais à mão. Apanhei injecções de penicilina que doíam horrivelmente, mas dormia no quarto dos meus pais:))
Aos 6 anos num ataque de fúria com uma das minhas irmãs, furei a janela do quarto com um braço e cortei-me de tal modo que tive de ir para o hospital de S. Marta, onde levei sete pontos junto ao cotovelo, ficando sem praia todo o verão. Foi um castigo pior que a morte, pois adorava banhos de mar e nem podia lá chegar.
Também fui operada ao apêndice quando tinha 12 anos e isso foi mais uma aventura, pois tive de ser internada de urgência numa noite e operada numa Clínica que era mais para parturientes; só se ouviam bébés a chorar!!O meu Pai levou para lá os assistentes e alunos,que estavam em reunião nessa noite, de modo que vi-me rodeada de batas brancas, tudo a olhar para mim, meio assustada, pois nem sequer sabia o que era o apêndice e fiquei enojada quando mo deram dentro dum frasco de formol. Aquela coisa viscosa tinha-me dado tantas dores que nem a podia ver.Uns amigos do meu irmão foram-me visitar e eu nem me podia rir por causa da cicatriz que era enorme.
O último acidente que tive em adolescente foi durante um retiro na Praia Grande em vésperas de Natal. Estávamos numa casa com uma vista soberba sobre o mare que tinha um portão grande para passar dum lado ao outro. Resolvi trepar por cima do muro em vez de abrir o portão - tinha 13 anos e era afoita - mas o problema é que caí em cima de saibro com um joelho e fiz um rasgão profundo. Não fui tratada - estávamos em retiro!! - e quando cheguei a casa, o joelho tinha inchado e a ferida estava horrível, o meu Pai ficou aborrecidissiomo e passei o Natal com a perna estendida, a chorar...
Foram os meus infortúnios mais graves...para uma maria-rapaz que era, até nem foi muito mau!!:))