quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A magia de Serralves

Passei umas tres horas por ali...com o tempo acizentado,
sabe bem andar por entre as árvores despidas - nem todas - e respirar aquele ar puro. Serralves é tão grande e majestoso que, ao pé dele, o meu botânico parece mignon, um backyard ( quintal) da minha casa. As árvores são enormes , estendem-se a perder de vista, quase a tocar no céu.
O Museu é uma obra prima, já lá tirei muitas fotos e todos os dias encontro outros ângulos, facetas ou jogos de sombras originais. Tudo ali é Arte, a Natureza à volta e a Arte feita pelo Homem, nem sempre muito interessante, mas quase sempre impressionante.
As exposições são duma dimensão enorme, salas e salas,
espaços gigantescos, pinturas que encheriam uma parede do meu atelier, se lá coubessem. Tudo é duma outra dimensão e por isso nos fascina. A disposição dos quadros é excelente, nada se sobrepôe ou interfere, cada quadro ou escultura ou obra tem onde respirar e as pessoas não se acotovelam para as ver. O chão de madeira aumenta esta sensação de conforto e espaço. E depois há as janelas que se abrem sobre o parque e deixam entrever troncos, ramos, figuras esguias e acizentadas, elas também obras de arte.

Gostei das duas exposições. A de Eduardo Batarda é mais previsível,
já o conheço há quarenta anos de Lisboa, embora nunca o tivesse visto pessoalmente.
Não aprecio assim muito as suas ilustrações do tipo BD e grafitti, mas
gosto dos quadros grandes, quase monocolores, com muitos riscos e rabiscos e
efeitos surpreendentes.
A expo de Thomas Struth, que não me deixaram fotografar, é colossal.
Está dividida por temas e se as de fotografias urbanas não me encantaram, os retratos de famílias, as de museus a serem visitados e fotografados no local e as da Natureza paradisíaca,
são no mínimo extraordinárias. Um painel que enche uma anorme parede com 4 fotografias de uma sala de museu cheia de gente quase em tamanho natural,
é quase irreal, parece aqueles filmes IMAX. Tenho pena de que não haja mais sofás espalhados pelas salas para nos podermos sentar e admirar a arte com tempo e sem tanto cansaço das pernas.

Ainda passei pelo Bazar de Natal que me chocou ,
como sempre, pela inutilidade de objectos que expôem, bibelots supostamente com design original, tudo a preços infames em época de crise. Nisso sou proletária ou sumítica. detesto gastar dinheiro só para dizer que é peça comprada em Serralves. Porque não há-de ser um quadrinho meu mais valioso que um objecto igual a tantos outros, mesmo com assinatura do autor? Mas há gente para tudo e o bazar estava animado. Já a livraria, em contrapartida, não tinha quase ninguém.Os livros de arte são excessivamente caros, mas é bom folheá-los de vez em quando.

Entretanto o Mezzo transmite um recital: Bertrand Chamayou joue les Années de pèlerinage de Liszt . Vale a pena ouvir e fotografar a vista da minha janela com o reflexo do piano. Como diriam os jovens de hoje: Tasse bem!