quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Missa de Haydn

O MEZZO enche-me as medidas sempre que ligo a Tv e escolho este canal, sobretudo à tarde. À noite, os programas são mais variados e há muitos programas de jazz e música do Mundo, de que não gosto tanto.

Hoje o programa é excepcional, um concerto fabuloso, gravado há muitos anos numa das Igrejas mais belas da Alemanha, em estilo rococo e barroco, numa exuberância de mármores e dourados velhos, estatuetas de santos e anjinhos papudos que nos enchem a vista e quase fazem uma orquestra inteira desaparecer no meio de tanta arte sacra. Nunca gostei muito de estilos pesados, gosto mais de igrejas romanas ou góticas ou mesmo modernas, mas para ouvir música barroca, não há dúvida de que este é o local ideal.

É isso mesmo que afirma o saudoso Leonard Bernstein antes de entrar em cena. Curiosamente e com certeza a pedido do mesmo, os espectadores não batem palmas à sua chegada, nem à orquestra, que se pôe de pé para o receber. A Missa começa com uma sobriedade intensamente espiritual.
Ouvir música assim é um bálsamo para o espírito.
Miguel Esteves Cardoso diz numa entrevista da RTP, apresentada no blogue Assim na Terra Como no Céu, que ler é essencial para preencher a solidão, quem lê nunca se sente só, seja o que for que leia.Concordo com ele, em parte, mas acho que já está desactualizado.
Muitas vezes, substituo a leitura pela música, ela enche-me as medidas, a toda a hora, faz com que veja e sinta as coisas com todos os meus sentidos, em êxtase, esquecida da fealdade que me rodeia, dos afectos que não recebo ou da saúde que me falha. Ela é insubstituível. O livro não.