domingo, 8 de janeiro de 2012

Voltar às origens

Hoje deu-me um repente e ainda não parei. Primeiro montei o meu velho PC na cozinha para poder ligar à Internet. Já o tinha arrumado a um canto do atelier....mas o Mac roeu-me a corda e agora vai levar tempo a vir arranjado.
Tenho andado a arrumar toda a decoração de Natal num frenesim, provocado pela partida da minha filha mais uma vez. Já falei com ela, telefonou-me de Stansted, onde aguardava o comboio para Leeds, calma e sorridente, com uma certa ânsia de se ver em casa ...para ela Leeds será sempre a sua casa. Nunca o ditado Home is where you are happy teve tão significado.
Eu pópria sinto Leeds como uma segunda casa, um segundo país, uma segunda língua, outro povo que amo e com os quais me sinto bem, às vezes, melhor do que com os meus conterrâneos, sem desprimor para ninguém.
Saí de Lisboa há 37 anos, perdi as raízes, andei por vários sítios onde me senti em casa, acabei por aterrar um pouco forçada na capital do Norte e aqui procuro encontrar uma pátria de que gosto e que me acolhe.

Daí ter dito na minha exposição que a única foto de Lisboa que está exposta é a da Gare do Oriente - precisamente no local onde se apanha o pendular para o Porto!

Compreendo os imigrantes que não sentem nenhuma das terras onde vivem ou viveram como suas. Também não sinto o Porto como minha terra. Amo a cidade, sobretudo a arquitectura, localização, romantismo,
cultura e apego ao que é seu. Mas não amo assim tanto as pessoas, o sotaque, a refilonice e a falta de modos que encontro mesmo em pessoas que deveriam tê-los. Também há aqui muita gente boa e interessada, trabalhadora e criativa, graças a Deus.
E aqui tudo é perto...o que é uma vantagem que também encontro em Leeds, cidade cheia de gente nova e animada até altas horas da noite.

Há tempos fiz uma composição duma foto que tirei em Cardigan Road,
a rua onde a minha filha morava, há sete anos atrás e, onde fiquei pela primeira vez.Ajudei-a a tornar o quarto que era grande , frio e húmido num local um pouco mais acolhedor, comprámos candeeiros, panelas, cortinas, eu sei lá. Forrei os armários por fora com plástico adesivo e ela pôs posters nas paredes.
Esta rua parecia-me mística a mim, tais as árvores lindíssimas e o ambiente quase irreal que por lá se respira. Cardigan Road, uma rua onde muito se passou e que ficará na história da nossa família por muito tempo.