A praia é o espaço que conheço onde vejo mais crianças felizes. Já tenho reparado em grupos de miudos na Foz e agora aqui na Luz, em que reina a paz , a harmonia, uma certa tolerância que desaparece nos quartos de dormir ou de brinquedos dos apartamentos das grandes cidades.
A praia é o espaço mais feliz que conheço, onde pobres e ricos, os meninos todos têm lugar na equipa de futebol, nas proezas marítimas, nas descobertas pessoais, no encontro com a fauna e flora aquáticas, com a areia doirada, com a água fria, a espuma, as ondas e até o temor e respeito pelo mar imenso.
O espaço é enorme, as descobertas são muitas, a liberdade é total, daí a ausência de conflito, a necessidade de isolamento, a fuga às quezílias.
A criança só pode ser feliz na praia...não há lugar para desgostos, perdeu-se uma conchinha, vai-se buscar outra, o mar entrou pela cova adentro, faz-se outro túnel mais acima, a bola fugiu para o mar, há sempre quem a apanhe, deu-se uma topada numa rocha escondida, a própria água do mar fria e salgada se encarregará de fazer esquecer as dores.
É uma felicidade ter praia....na nossa infância. As recordações dos momentos felizes ficarão gravadas no nosso ADN para sempre...e quarenta, cinquenta anos mais tarde, voltaremos a ser crianças com os nossos netos, nos mesmos locais onde ainda está o nosso nome gravado.