Oiço um pianista, Nicholas Angelich, a tocar Rachmaninov com uma limpidez e sentimento inegualáveis, num concerto em Lyon. A música de tecla enche a minha sala e transmite-me paz e serenidade. Rachmaninov é um dos meus compositores preferidos, sobretudo pelas obras que deixou para piano. Cada vez gosto mais de ouvir estes programas e troco-os de mão beijada por qualquer telejornal, seja ele da SIC, TVI, SICN ou RTPN....é tudo igual, queixas e mais queixas, assaltos,polítiquices, fogos, cenas chocantes, pessoas aos berros, futebol até dizer BASTA! Não há direito de se encherem horas e horas de emissão com programas destes, estupidificantes, sem o mínimo nível, chatos, como diriam os jovens "uma seca!"
Ontem vi por acaso um programa na SIC N as 2 da manhã que é sempre excelente : 60 minutos. Nele deram uma reportagem sobre o filme " O Discurso do Rei" ( não percam), mostrando como as fontes de que se serviu o escritor David Seidler foram seguras e o filme seguiu à letra tudo o que estava nas cartas do Rei Jorge VI a Lionel Logue, o seu terapeuta, assim como as fichas clínicas do último e ainda testemunhos do seu neto. O verdadeiro Logue era muito mais bonito do que Geoffrey Rush, (que também é australiano e um actor excepcional na minha opinião), e Colin Firth não tem a finesse dos traços do verdadeiro rei, mas a verdade é que, ouvindo os discursos lado a lado, a diferença é quase nenhuma. Colin Firth e Geoffrey Rush aparecem juntos e sempre com um sentido de humor espectacular na entrevista para a CBS. Encontrei o programa ou um identico em
http://www.cbsnews.com/video/watch/?id=7357190n
Fica aqui a minha homenagem também ao piano e a Rachmaninov - Prelúdio tocado por Vadim Chaimovich - que me acompanham enquanto escrevo esta entrada e sofro as saudades dos meus netos que partiram ontem para a Alemanha....avó sofre!
As vezes estou meses sem me apetecer ir ao cinema. Mas esta é a altura em que aparecem os filmes dos Oscares e há sempre algo a ver. ODiscurso do Rei é um filme genial do princípio ao fim. Não porque tenha uma história complicada, como Black Swan, ou efeitos especiais como Avatar. Mas porque apresenta performances excelente de actores consagrados, settings de cortar a respiração, música clássica nos intervalos das cenas e acima de tudo, humanidade, emoção, sentido de humor, vibraçao e expectativa em todos os momentos do filme. Não sei do que gostei mais. Gostei dele todo. É espantoso. Como o filme A Rainha, mas com mais contenção e mais interesse. Colin Firth e Geoffrey Rush são exímios, nos olhares, nas expressões, no discurso, nas atitudes, na emoção contida, nos acessos de fúria, na amizade que nutrem um pelo outro. Eles são o filme. Actores que já tinha visto noutros papeis igualmente notaveis: Shine, Pride and Prejudice, Um Homem Singular, A Paixão de Shakespeare, etc.
Uma noite inesquecível....mesmo com o barulho da sala a abarrotar, com pipocas, intervalo, etc. A não perder.