quarta-feira, 31 de março de 2010

Underwater 2

No fim de semana, voltei ao fundo do mar....na minha imaginação, claro.

Pode ser que um dia o possa ver na realidade, para já fico-me pela ânsia, o looking forward to. Já não é mau, pois daí advém a felicidade.



Um poema de Sophia para acompanhar o sonho.

No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.

Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.

Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.

Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.


Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I