sábado, 3 de abril de 2010
Cristo ressuscitou. Aleluia, aleluia
Hoje estive em contemplação. Sozinha. Duas horas na Foz, meia hora no Jardim Botânico. Feliz.
A Natureza ali a dez minutos de casa, a cinco minutos a pé da minha porta. Sou mesmo privilegiada. Senti o ALELUIA dentro de mim, mas também o ouvi do meu IPOD , assim como ao concerto Brandeburguês nº 2 de Bach , o mais belo dos seis , na minha opinião.
Não consigo descrever o que vi hoje. O mar, em cambiantes de azul, prata, cinzento, em ondulação constante, eriçando-se com o vento de encontro às rochas, que lhe concedem todos os caprichos e se deixam envolver naquele manto sensual de espuma. Quisera ser poeta, como tantos,para poder transcrever no papel a sintonia perfeita entre a minha alma, o mar , a areia e o céu. Tirei fotografias, essas revelam em parte aquilo que vi, mas só em parte, pois o panorama é imenso.
No Café dos Ingleses, o cantinho dos poufs estava livre, sentei-me num deles, mesmo em frente da janela em cima do mar. Ali estive a ouvir música e a ler revistas, parando para contemplar as ondas, que vinham cada vez mais perto acariciar a areia e fustigar as rochas. A janela estava aberta, mas não se sentia vento. Um chá de manga e uns scones para adocicar a experiência.
Paz. Beleza. Privilégio.
Ao vir para casa no autocarro quase vazio - tudo vai de carro para a Foz, porquê, meu Deus? - reparei que o J. Botanico estava aberto, agora fecha uma hora mais tarde.
Fui lá. A fontezinha ao canto ostentava um grande nenúfar. Só um. Lindo, a reflectir-se na água tremelicante esverdeada. Um espectáculo.
Os lagos de nenúfares espelhavam as nuvens prateadas e o sol já tardio dum modo que nunca tinha visto - e vou lá muitas vezes - oa nenufares pareciam de prata. Apetecia-me trazer aqueles lagos para minha casa e olhar aqueles reflexos sem parar.Ou então ser capaz de os pintar.
No labirinto havia tulipas, amarelas, rosas, vermelhas, suculentas, já abertas. E o caramanchão ainda estava à espera que as glicíneas rebentassem as águas e surgissem à luz. Mais umas semanas e já aí estão.
É assim que se goza uma tarde de Páscoa. Religiosa. Um hino ao Criador e à sua Criação. Esteja Ele onde estiver.