domingo, 4 de julho de 2010

A praia dos "pobres"



A Foz é zona de ricos, de gente abastada, que se orgulha de ter nascido no Porto, na zona mais "queque" da cidade, onde o mar e o rio se abraçam e as vistas se alargam até ao horizonte quase até às Américas, tivéramos nós olhos telescópicos. A Foz sempre foi a zona mais cara por metro quadrado, está hoje repleta de condomínios fechados, que se amontoam sem grande beleza de modo a proporcionar aos habitantes mais mar das suas varandas. E continua cara, apesar de haver outras zonas chiques como Matosinhos sul.

Simultaneamente,a Foz continua a ser e será sempre o local de veraneio dos mais pobres,os velhotes da 3ª idade, aqueles que vão no autocarro 200 ou no 204 ( como eu) para ver o mar e apanhar sol aos Domingos.
Gosto de me misturar com esta gente do povo, fico feliz de os ver ter uns momentos de lazer entre dias difíceis de trabalho árduo fora e em casa, saúde precária e falta de dinheiro para o essencial. Falam das suas vidas, dos hospitais, dos medicamentos cada vez mais caros, dos patrões ( que os não ouvem, pois não andam de autocarro), das rendas, enfim, de temas banais do seu dia a dia.
Rui Rio disse ontem que em 2011 todas as praias da Foz teriam bandeiras azuis. E Acrescentou que a Praia dos Ingleses ( a minha :))) tinha poluição zero neste ano.Que isto era bom para que as pessoas mais pobres da cidade pudessem usufruir de férias junto às suas casas. Diria mesmo, quase à soleira da porta.

Fui lá confirmar. A bandeira azul, como o algodão, não engana...estava hasteada com orgulho junto ao muro de betão. Este ano, vêem-se mais pessoas a gozar da areia, do sol e do mar. Acolhem-se do vento - que hoje quase não soprava, deitando-se junto às rochas protectoras. A água está fria, mas límpida e a vista continua soberba com o novo molhe a servir de barra. Não enxameiam as praias como na Costa da Caparica ou em Cascais, são em número muito sustentável e não fazem barulho.
O Café do Ingleses pôs uma nova veste para o Mundial, vermelha e verde a cobrir uma parte da sala onde ficam os pufs e a TV. Cá fora está-se bem e ainda melhor na areia junto ao mar.


À vinda vou para a paragem, onde já umas sete pessoas aguardam o autocarro, que já lá está postado, sai pontualmente de vinte em vinte minutos e passa em frente da minha casa. Irmano-me com os mais pobres, sem qualquer preconceito, não tenho carro, também gosto de mar e de sol e não me importo nada de conviver com gente anónima para mais um "evento" estival.Que a sorte e a saúde me permitam ter muitas tardes assim. Gente rica e gente pobre reunidas no local mais democrático que conheço: a praia.