terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

De volta a Serralves

É sempre uma fuga....como as de Bach, belas e misteriosas.
Ir a Serralves é para mim como visitar uma mesquita oriental ou uma igreja gótica. Uma experiência mística. Sobretudo quando vou sozinha e posso escolher o percurso, ignorar as vozes, embeber-me de Arte, de modernidade e saber mais.
Fui a pé para lá, 45m a andar pela Rua de Serralves que é feia, tortuosa e suja. Nada que se compare com a Av. Marechal Gomes da Costa, que é para mim, a avenida mais bonita do Porto, com as suas árvores centenárias. É lá que fica a entrada do Museu de Arte Contemporânea.

Ir a Serralves é ver dois tipos de obra de Arte: a criação do Homem, expressa em pintura, fotografia, escultura, videos ou filmes e a Criação dum God Almighty, que, segundo a minha Fé, habita na Natureza e se expressa através dela. As fotos que tirei hoje pôem a par essas duas vertentes, qual delas a mais interessante, original e digna de louvor.

A exposição " Ás Artes, Cidadãos" não me disse muito. É um documentário vastíssimo de fotografias,excertos de filmes, artigos dos jornais de época, depoimentos de pessoas, simbolos das revoluções do seculo passado, tão extensa que levaria horas a ver pormenorizadamente.É boa para quem gosta de História e de Guerras.
A exposição " Estou vivo e sou Imortal" interessou-me muito. Nunca tinha nada visto nada no género, obras que se inserem nas correntes do Letrismo e da Scotch Art, esta última supreendente dentro da técnica da colagem. O Letrismo " é um estilo artístico cujos princípios foram desenvolvidos na Roménia pelo poeta, pintor e cineasta romeno Isidore Isou, em 1942, quando o artista tinha apenas dezesseis anos. O estilo tornou-se moda e espalhou-se pela Europa. Surge como oposição ao controle de André Breton sobre o Surrealismo e estende-e ao Dadaísmo, opondo-se à palavra e à significação, buscando o onomatopaico e o fonético. O movimento ganhou força e acabou migrando também para as artes visuais, onde obras experimentais com letras e pinturas se fundiram." ( Wikipedia)

Segundo li, Gil j. Wolman, inventou a técnica da "fita-cola"; servindo-se dela, conseguiu destacar títulos, texto, fotos, anúncios, etc em tiras que são depois coladas dum modo artístico, como se pode ver nestas fotos. Felizmente tive licença de as tirar e estive à vontade durante toda a visita. O livro publicado pela Fundação é excelente e custa 30 euros, apenas. Uma bela experiência para que gosta de originalidade e de fotografia.





Dei, depois, um passeio pelo Parque vazio e repleto de sol. As árvores no inverno dizem-me muito, sempre gostei de ver os ramos esguios contra luz num céu azul safira. Não havia uma núvem, o parque é um paraíso...vou lá pouco porque opto sempre pelo mar, mas passear num espaço destes, é como disse no início, uma experiência cultural e mística, que deixa a sua marca indelével na nossa psyche.