Dantes era o pregão dos vendedores de lotaria, pelas ruas de Lisboa...
Mas é que as há mesmo, e devemos aproveitá-las ao máximo.
Hoje voltei à Foz, ao meu poiso, onde as gaivotas já me conhecem :) e onde passo alguns dos momentos mais belos da minha vida, agora que já nada me impede de sair sozinha ao Domingo à tarde, de fazer o que me apetece, sem planos, apenas com os objectos que me fazem falta: máquina fotografica, Ipod e telemóvel ( este não me é indispensável....mas convém tê-lo à mão).
Estava uma daquelas tardes de sonho, em que tudo parece belo, até as pessoas que se acotovelam na estrada a olhar para o mar, sem ousar descer até à areia, que é onde se sente verdadeiramente a frescura, o cheiro e o pulsar das ondas e da espuma.
Levei para ler "O Guardador de Rebanhos" de Alberto Caeiro. Genial. Perfeito para o dia de hoje. Um livro para nos ensinar a não pensar quando nos quedamos em frente às coisas belas da Natureza. Devemos deixar-nos impregnar por elas por osmose, sem usar o cérebro, apenas os sentidos...
Estive ali duas horas a olhar para um surfista no meio do mar, as gaivotas meias-loucas que tanto invejo, a rocha vitimizada por uma crueldade quotidiana, que a deixa muda, lisa, cada vez mais pequena...
Há horas felizes...e há momentos em que sinto que que poderia morrer, acabar em beleza, se não fosse a minha incapacidade de fazer o que Caeiro aconselha: deixar de pensar.