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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Charles Dickens - 1812-1870

Faz hoje 200 anos nascia um dos mais notáveis escritores britânicos que o mundo teve o privilégio de conhecer.

O meu contacto com Dickens começou bem cedo no colégio inglês que frequentei até à 4ª classe. Aí li romances dele na língua original simplificados,
ouvi professoras ler passagens em voz alta para nosso gáudio, sofri com Oliver, David ou Nicholas, apavorei-me com Fagin e Scroodge e deliciei-me com Miss Trotwood e Micawber.
Cresci a amar a sua escrita, lendo depois muitas das obras em português na colecção azul ou biblioteca dos rapazes. A densidade da narração, o facto de se passar num outro país ou a dificuldade de compreensão do enredo não me impediu nunca de me
apaixonar pelas personagens, seguir os seus desaires ou amores com interesse e nutrir por este grande romancista uma admiração que só iguala a que tenho por Shakespeare, de quem li catorze peças de teatro na faculdade com sacrifício mas também com uma enorme paixão.

Bem aventurados tempos em que se liam obras de fio a pavio.

Não vou escrever aqui a sua biografia. Remeto-vos para a página da Wikipedia que é longa e completa: http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Dickens.

Algumas frases que nos fazem pensar:


"Cada fracasso ensina ao homem que tem algo a aprender.

"Ninguém pode achar que falhou a sua missão neste mundo, se aliviou o fardo de outra pessoa."

"Nunca nos devemos envergonhar das nossas lágrimas."

"Há cordas no coração humano que seria melhor não fazer vibrar."

"O homem nunca sabe do que é capaz, até que o tenta.

"Esta é uma melancólica verdade: que os grandes homens têm também parentes pobres."

"As nossas piores debilidades e golpes baixos são cometidos, em geral, por causa das pessoas que mais desprezamos.


Muitas das suas obras estão convertidas em filmes, séries,peças de teatro, musicais.Ninguém como ele pintou a sociedade vitoriana. Ver estas séries é aprender tudo sobre relações humanas, injustiça social, pobreza, grandiosidade, amor e redenção.

Fica aqui um excerto de David Copperfield com legendas em espanhol para quem não compreender bem o original:

quinta-feira, 1 de julho de 2010

DIA NACIONAL DAS BIBLIOTECAS




Quadro pintado pela minha amiga Teresa Silva Vieira, que se inspirou numa biblioteca alemã para criar esta pintura. O quadro está na parede principal da minha sala.



Muitas horas da minha vida passei em bibliotecas....
Desde miuda, adorava o escritório do meu Avô, forrado de estantes castanho escuro, com livros encadernados - alguns por ele próprio - e com títulos a oiro. Cheiravam um bocadinho a velho, mas transmitiam-nos algo de misterioso e de etéreo. Pelo meio dos livros, havia bibelots trazidos da India a cheirar a sândalo, caveiras várias, budas de todos os tamanhos e cores, Mefistófeles com corpos histriónicos ( um deles veio parar a minha casa pois a minha Avó ofereceu-o ao meu ex-), estatuetas clássicas de crianças a ler, canetas, lápis aparados por ele, um bric-a-brac de objectos pessoais que diziam muito da sua personalidade e vida.
A minha Mãe tb tinha uma biblioteca completa de livros que ainda hoje gostaria de ler - Livros do Brasil, Somerset Maugham, Hemingway, Pearl Buck e Livres de Poche grossos e apetitosos; tenho pena de não ter ficado com alguns que li na minha adolescência e juventude.
A biblioteca do meu Pai era esteticamente uma das mais bonitas que já vi, com estantes de boa madeira avermelhada e fimbria dourado velho, num escritório que me metia um pouco de medo e que só se vêem agora nos filmes ingleses de época. Os livros eram todos encadernados por um tal senhor Horácio, que se esmerava em fazer as colecções todas em couro de cores diferentes. Nunca li livros do meu Pai a não ser na faculdade, pois não eram aconselháveis para crianças ou seriam demasiado puxados para a nossa idade.
Na minha Escola, a biblioteca era um manancial de obras antigas, quase monumentos nacionais e muitas horas ali passei a vasculhar as revistas e livros da minha especialidade - havia tudo - o que me foi muito útil para a elaboração de manuais escolares. Na altura já havia fotocópias de modo que fotocopiava páginas e páginas, com as quais contituí um dossier precioso.
Também adorava a biblioteca do Britânico, trazia de lá livros, cassetes , revistas inglesas actuais, jornais, etc. O sítio era fabuloso e não se resistia a tanto livro inglês!!Passava lá muitas horas, só a folhear as revistas por prazer.

Agora só uma biblioteca pública me atrai e muito: A Biblioteca Almeida Garrett nos jardins do Palácio de Cristal, um dos locais mais aliciantes para novos e velhos.

Hoje estou um pouco "farta" de livros, ou seja, de ter tanto livro em casa que já ninguém lê. Gostava de oferecer todos os meus livros do ensino de Inglês à Escola, mas já ninguém se interessa pelos manuais ou pedagogias ultrapassadas numa era de tecnologias em que até o vídeo se tornou obsoleto. É um desperdício.

Fica aqui um poema de Jorge Sousa Braga, já muito conhecido, mas delicioso:



in: Woophy



As árvores como os livros têm folhas
e margens lisas ou recortadas,
e capas (isto é copas) e capítulos
de flores e letras de oiro nas lombadas.

E são histórias de reis, histórias de fadas,
as mais fantásticas aventuras,
que se podem ler nas suas páginas,
no pecíolo, no limbo, nas nervuras.

As florestas são imensas bibliotecas,
e até há florestas especializadas,
com faias, bétulas e um letreiro
a dizer: «Floresta das zonas temperadas».

É evidente que não podes plantar
no teu quarto, plátanos ou azinheiras.
Para começar a construir uma biblioteca,
basta um vaso de sardinheiras.

Jorge Sousa Braga

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Alan Sillitoe ( 1928-2010)



O escritor britânico Alan Sillitoe, uma figura importante da ficção dos últimos 50 anos criador de obras neo-realistas como Saturday Night and Sunday Morning, morreu no dia 25 de Abril de 2010 aos 82 anos no hospital Charing Cross de Londres.

Nascido na cidade de Nottingham, norte da Inglaterra,onde passei tres semanas num curso para professores de Inglês e que é conhecida por ser o berço de Robin Hood e do malvado Sheriff, Sillitoe publicou obras de poesia, livros infantis e peças de teatro, além de ser crítico sobre temas sociais.

A sua obra Saturday Night and Sunday Morning, cujos textos usei muitas vezes em aulas do 11º ano, a propósito do tema trabalho, revolução industrial, desemprego, etc., foi transformada em filme com a performance do grande actor Albert Finney; o seu romance The Loneliness Of The Long Distance Runner, também foi levado ao cinema, tendo como figura central o actor Tom Courtenay..

Curiosamente tive a sorte de ver os dois actores contracenarem juntos, em Londres, na peça ART de Yasmina Reza e pergunto-me qual deles seria o mais portentoso. Muito diferentes, mas ambos tão talentosos!

As duas obras são consideradas dramas clássicos da realidade britânica de meados do século 20 e ficaram na memória de muitos leitores, que falam delas no link abaixo:

http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/8642912.stm
site da BBC que aconselho a quem gostar de ler em inglês.

Há quem diga que é preciso estudar muito para se ser escritor....já há dias li uma outra biografia extraordinária dum escritor que não fez mais do que a 4ª classe. Nascido a 4 de Março de 1928, Sillitoe abandonou a escola aos 14 anos e foi trabalhar para uma fábrica de bicicletas, antes de entrar para a Real Força Aérea (RAF),como operador de rádio.Filho de um trabalhador analfabeto, o escritor relatou numa certa ocasião as penúrias de sua infância.

"Vivíamos em um quarto em Talbot Street (Nottingham) cujas quatro paredes cheiravam a gás, gordura e camadas de papel cheio de mofo", disse uma vez o escritor.O seu primeiro relato de ficção, sobre a vida duns primos foi escrito ainda na infância, mas a mãe queimou-o porque achava o texto demasiado revelador.
Enquanto servia para a RAF contraiu tuberculose, o que o obrigou a passar 16 meses num hospital da Força Aérea antes de receber uma pensão, após o qual decidiu dedicar-se à literatura.
No total, Sillitoe, que se considerava poeta mais que romancista, escreveu mais de 50 livros, entre estes a sua autobiografia, publicada em 1995 com o nome de Life Without Armour."



Tinha posto aqui um poema em inglês, mas resolvi modificar a entrada e oferecer-vos um video extraído do filme " The loneliness of the long-distance runner", com legendas em espanhol. Não preciso de explicar o tema do filme. Isto diz tudo. Vale a pena ver, apesar de ser a preto e branco.