Como vos disse, ofereceram-me um livro que me encantou. Já conhecia Gunter Grass, escritor alemão que recebeu o Prémio Nobel há alguns anos e que retrata quer em romance, quer em pintura, os anos da GG e do pós guerra. Estudei e li algumas obras dele, nomeadamente, O Tambor, quando estudava Literatura alemã na FLUL.
Günter Grass (também grafado Günter Graß; Danzig, 16 de outubro de 1927) é um intelectual, romancista, dramaturgo, poeta e artista plástico alemão. Nascido em Danzig, posteriormente Gdansk, na Polônia, sua obra alternou a atividade literária com a escultura, enquanto participava de forma ativa da vida pública de seu país. Recebeu o Nobel de Literatura de 1999. Também é reconhecido como um dos principais representantes do teatro do absurdo da Alemanha.
O escritor britânico Alan Sillitoe, uma figura importante da ficção dos últimos 50 anos criador de obras neo-realistas como Saturday Night and Sunday Morning, morreu no dia 25 de Abril de 2010 aos 82 anos no hospital Charing Cross de Londres.
Nascido na cidade de Nottingham, norte da Inglaterra,onde passei tres semanas num curso para professores de Inglês e que é conhecida por ser o berço de Robin Hood e do malvado Sheriff, Sillitoe publicou obras de poesia, livros infantis e peças de teatro, além de ser crítico sobre temas sociais.
A sua obra Saturday Night and Sunday Morning, cujos textos usei muitas vezes em aulas do 11º ano, a propósito do tema trabalho, revolução industrial, desemprego, etc., foi transformada em filme com a performance do grande actor Albert Finney; o seu romance The Loneliness Of The Long Distance Runner, também foi levado ao cinema, tendo como figura central o actor Tom Courtenay..
Curiosamente tive a sorte de ver os dois actores contracenarem juntos, em Londres, na peça ART de Yasmina Reza e pergunto-me qual deles seria o mais portentoso. Muito diferentes, mas ambos tão talentosos!
As duas obras são consideradas dramas clássicos da realidade britânica de meados do século 20 e ficaram na memória de muitos leitores, que falam delas no link abaixo:
http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/8642912.stm site da BBC que aconselho a quem gostar de ler em inglês.
Há quem diga que é preciso estudar muito para se ser escritor....já há dias li uma outra biografia extraordinária dum escritor que não fez mais do que a 4ª classe. Nascido a 4 de Março de 1928, Sillitoe abandonou a escola aos 14 anos e foi trabalhar para uma fábrica de bicicletas, antes de entrar para a Real Força Aérea (RAF),como operador de rádio.Filho de um trabalhador analfabeto, o escritor relatou numa certa ocasião as penúrias de sua infância.
"Vivíamos em um quarto em Talbot Street (Nottingham) cujas quatro paredes cheiravam a gás, gordura e camadas de papel cheio de mofo", disse uma vez o escritor.O seu primeiro relato de ficção, sobre a vida duns primos foi escrito ainda na infância, mas a mãe queimou-o porque achava o texto demasiado revelador. Enquanto servia para a RAF contraiu tuberculose, o que o obrigou a passar 16 meses num hospital da Força Aérea antes de receber uma pensão, após o qual decidiu dedicar-se à literatura. No total, Sillitoe, que se considerava poeta mais que romancista, escreveu mais de 50 livros, entre estes a sua autobiografia, publicada em 1995 com o nome de Life Without Armour."
Tinha posto aqui um poema em inglês, mas resolvi modificar a entrada e oferecer-vos um video extraído do filme " The loneliness of the long-distance runner", com legendas em espanhol. Não preciso de explicar o tema do filme. Isto diz tudo. Vale a pena ver, apesar de ser a preto e branco.
O Jardim Botânico do Porto, hoje parte integrante da Faculdade de Ciências, foi em tempos uma quinta senhorial, pertencente à família Andresen, que gerou dois vultos da nossa literatura: Sophia Mello Breyner e Ruben A. Ambos se referem a este jardim e esta mansão nas suas obras. Sophia inventou um conto para crianças, A Floresta, inspirando-se num velho carvalho, onde viviam anões mágicos.
Era uma vez uma quinta toda cercada de muros. Tinha arvoredos maravilhosos e antigos, lagos, fontes, jardins pomares, bosques, campos, e um grande parque seguido por um pinhal que avançava quase até ao mar. A quinta ficava nos arredores de uma cidade. O seu pesado portão era de ferro forjado pintado de verde. Quem entrava via logo uma casa grande rodeada de tílias altíssimas cujas folhas, de um lado verdes e de outro lado quase brancas, palpitavam na brisa. - A Floresta
Ruben A. dedica quase todo o primeiro volume de "O Mundo à minha procura", a sua autobiografia, à descrição da infância e adolescência passadas nessa quinta sem fim, com árvores altas e flores magníficas. O átrio da casa era o local escolhido para uma gigantesca árvore de Natal, que os Andresen, nórdicos de origem, não dispensavam.
"Voltar ao Campo Alegre foi para mim qualquer coisa de enorme na vida, mais importante do que ir à Lua, ou andar em órbita à volta da Terra."
"O átrio do Campo Alegre é célebre, coisa de embasbacar. É um perfeito quadrado erguendo-se livre até vinte metros ou mais, tendo do primeiro andar (a casa só conta o piso térreo e o primeiro andar, não mencionando as caves) uma enorme varanda quadrada que se debruça sobre o átrio e que serve todos os quartos na parte virada à luz. Lá no cimo, no cocuruto, estava uma forma de clarabóia, com varandim circular, de onde nós no Carnaval atirávamos serpentinas à cabeça de quem obrigatoriamente passava lá por baixo. No entanto, a grandeza do átrio mostrava-se, além da sua maravilhosa perspectiva de simetria, no andar nobre da casa que era o andar da entrada, ultrapassada a curta escadaria exterior. O átrio do Campo Alegre apresentava o mercado da casa, o lugar de reunião, a ágora grega onde as pessoas vinham falar e discutiam os assuntos mais variados, onde cada um que saísse dos seus quartos estava imediatamente debaixo da alçada visual de um estranho ou de um desconhecido. Era a praça pública íntima dos familiares, lugar de suspiros ao chegar a casa e onde se dizia adeus pelo eco daqueles trinta metros acima que fazia ressoar a voz humana com um sentido correcto de simetria. As condições acústicas surgiam musicais. O mínimo som denunciava a presença de alguém, a mais íntima declaração amorosa estendia-se em pequenos timbres pelas colunas que suportavam a álea de quartos da casa.» O Mundo à Minha Procura I.
Moro em fente do Jardim Botânico e não há dia em que não passe em frente ao portão e não pense nessas duas figuras que já partiram. Entro por vezes e vou directa ao meu local preferido: o lago de nenúfares, que reflecte toda a vegetação à volta, nos vários cambiantes e estações do ano. Mas também já estive lá em cima no cocruto, num Domingo em que o Sr. Guarda nos levou a ver o jardim do alto da mansão. Pura simpatia.
A minha paixão pela fotografia já me levou a tirar mais de cem fotos deste jardim.... Hoje resolvi pintá-lo. Não pensei em Monet, mas no lago que vejo quase todos os dias. Foi isto que pintei: