quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Finalmente parece que temos Outono
...as temperaturas desceram, já há muitas nuvens no céu, embora ainda com alguns espaços azuis pelo meio, o sol brilha amedrontado, as gotinhas de água acumulam-se nos beiris e nas portadas, não se sabe se vai chover já ou só mais tarde e as árvores, brilhantes e cheias de vigor vingam-se do estio e da secura, erguendo-se mais viçosas quando verdes, ou largando as suas folhas multicolores pelos ares , pelos passeios e veredas.
Gosto do Outono porque é diferente. É mais frio, é mais imprevisível, traz-nos para dentro de casa, onde apreciamos os nossos sofás com mais justiça, um bom livro ou uma boa música, a calma e o silêncio que as janelas duplas nos concedem.
A natureza é tão bela que me apetecia à vezes ter cápsulas para guardar pedacinhos do mar encapelado da Foz, areia da praia de Porto Santo, flocos de neve da Alemanha, o cheiro a restolho húmido do Lake District, as noites de luar por detrás da palmeira da Luz, as castanhas assadas da Rotunda da Boavista...
Vai aqui um poema simples do "nosso" Eugénio de Andrade que exprime bem o que sinto:
Se deste outono uma folha,
apenas uma, se desprendesse
da sua cabeleira ruiva,
sonolenta,
e sobre ela a mão
com o azul do ar escrevesse
um nome, somente um nome,
seria o mais aéreo
de quantos tem a terra,
a terra quente e tão avara
de alegria.
Eugénio de Andrade
( Fotos minhas )