terça-feira, 16 de agosto de 2011

A magia do lar :)

Hoje cheguei a uma triste conclusão: passamos a vida a desarrumar...tiramos tudo dos sítios, nunca arrumamos nada bem, enfiamos as toalhas junto com os toalhões, casacos com camisas, camisolas de verão com as de inverno, livros com discos, medicamentos com artigos de toilete, pinceis com colheres de pau...etc.etc,etc.
Falo por mim,  claro está, pois mesmo depois de me aposentar, tenho uma tendência para a trapalhice, não gosto duma casa super arrumadinha, daquelas que parecem de revista, onde não há um grama de pó, nem um livro fora do sítio. Nem consigo perceber como é que certas pessoas conseguem.
A minha casa está sempre desarrumada, os meus filhos são descuidados por natureza, habituaram-se a ir para a escola as 8 e a voltar as 6, muitas vezes ainda com deveres do colégio alemão por fazer. Nunca se preocuparam por ter as coisas espalhadas pelos quartos, livros, CDs, roupa, cadernos, etc. pelas mesas, estantes ou cadeiras. De vez em quando a empregada arrumava, mas na maioria dos casos, deixava na mesma, até que um dia me dava uma fúria depressiva de "fada do lar" e arrumava eu tudo.
Ainda agora isso acontece. Quando os meus filhos estiveram fora, os quartos estavam impecáveis, cheios de livros e DVDs ou bibelots, mas com a roupa  sempre no seu sítio. Há dois meses, tudo voltou à estaca zero, a minha filha parece que não conhece a palavra cabide ou gaveta... e o meu filho, que é mais arrumado, muda de roupa três vezes ao dia, o que equivale a roupa espalhada pelo quarto todos os dias. Raramente "puxam as orelhas" à cama, os edredons ficam atirados, pois à noite vão ter de os usar outra vez, para quê puxá-los, alisá-los e esticá-los? A empregada só vem uma vez por semana e nesses dias tem muito que fazer, não pode estar a arrumar...nem o sabe fazer.
Só o meu quarto está arrumado e mesmo assim tem coisas a mais, devia deitar fora frascos e bibelots que só se enchem de pó, mas alguns vieram de casa dos meus pais, outros foram-me oferecidos, faz-me pena deitá-los fora.
Ainda hoje, quando resolvi arrumar os armários de roupa da casa de alto a baixo, encontrei uma toalhinha feita pela minha Mãe já ela tinha uns 70 anos, mas que revela uma capacidade visual notável. É bordada a ponto de cruz miúdo, como se pode ver na foto. Pu-la na sala, em móvel de destaque, por baixo dum quadro meu para me recordar da sua dedicação e gosto. Também eu bordei muitas toalhas, que comprava em Munique já com o desenho marcado e oferecia as minhas sobrinhas, e fiz outras em crochet, que estão agora arrumadas e não servem para nada.

A minha vida social é nula, raro é ter visitas ou chás...ou jantares, como planeava ao separar-me do meu marido. Em poucos anos, perdi qualquer desejo de receber pessoas em minha casa- nunca tive muito - e quando há festas de família, vamos sempre a casa do meu filho por razões compreensíveis. Assim sendo, a minha mesa de cozinha passou a ser mesa de pintura e a da sala de jantar mesa de trabalho! Os meus netos vão sempre as 8 para a cama, nem dá para os convidar a jantar cá! Bem gostava por vezes de os ter mais tempo, mas eles estão habituados àquela rotina...
O meu filho mais novo hoje resolveu encher sete sacos do lixo com papelada - depois de grande insistência minha - e agora está a dormir o repouso do guerreiro, como se tivesse estado numa batalha campal. :). Em breve toda a mobília dele vai para o seu apartamento e ficarei então com um quarto vazio para desarrumar à vontade:).
Ai quadros, pinceis, frascos, bisnagas, papeis, tesouras, telas, cavaletes, caixas....ireis ter um quarto só para vós, vai ser uma alegria, um atelier caseiro, que nunca tive e bem preciso!