Costuma-se dizer que o gato tem sete foles ou sete vidas.Sobrevive a tudo, quedas, atropelos, pancadaria, maus tratos, etc.
Não é o meu caso...não sofri nada que se pareça, embora tenha tido a minha quota parte de desilusão e dor em vários momentos cruciais da minha vida. Não os posso , nem devo enunciar aqui, pois isto não é um confessionário. Dessas provações renasci sempre e considero que já vivi umas cinco das vidas que o destino tem reservadas para mim.
Dantes as pessoas viviam só uma vida no mesmo local ou, se variavam, voltavam mais tarde às raízes, casavam uma vez e para toda a vida, mesmo que houvesse traições durante o percurso, a mobilidade era menor, a família mais unida na aparência. Isto é o que nós imaginamos, pois sei que muitas famílias não eram standard ou exactamente assim e que havia muitas quezílias, sobretudo quando se tratava de partilhas ou da morte dos membros mais velhos.
Vivi o que considero a minha 1ª vida dos 5 aos 20, a minha infância e adolescência e é delas que hoje falo. Não considero que tenha sido uma infãncia dourada, mas andou por perto e, se não olho para aqueles anos como os mais felizes da minha vida, é porque o meu feitio e personalidade me não deixaram estagnar na doçura da estabilidade e afectos, cedo demais achei que tinha de me rebelar, mesmo que só aparentemente, para não ficar formatada para todo o sempre, como tantas outras meninas bem da minha idade para as quais olhava com terror, desdenhando a sua vacuidade e pouco interesse.Quis sempre mais.
Os meus pais viviam bem, nunca tivémos problemas económicos; na minha casa tínhamos conforto, espaço ( algo inimaginável nos dias de hoje), uma relativa liberdade e muitas obrigações ou valores como queiramos chamar-lhes. Vivíamos com sobriedade numas coisas, como roupas, comida, materiais escolares ou lúdicos ( nunca tive uma bicicleta, por exemplo), mas com excesso noutros campos, que agora não interessa aqui enumerar. A pouco e pouco, no entanto, as mordomias foram escasseando por força das mudanças sociais e fui-me dando conta de que a vida não era o mar de rosas da minha infância, os meus Pais tinham sofrido bastante para chegar até ali e a cada um de nós cabia realizar algo mais.
Fui uma católica fervorosa nos tempos do liceu e empenhei-me em tudo o que me metia, até fiz jornal de escola quando não havia senão stencis e os desenhos tinham de ser marcados na cera para depois se policopiarem. Foi uma época importante na minha vida, em que viver pressupunha militar em qualquer ideal, lutar por alguma coisa, criticar e ser mais interveniente. Nunca fui de esquerdas, embora na universidade visse bem os podres do salazarismo. Havia profs banidos, havia os instalados. Havia alunos revoltados e algumas manifs. Não entrava nisso, preferia estudar afincadamente, passava horas na biblioteca a ler Shakespeare ou a estudar Linguística, dava explicações de Alemão e ainda trabalhei nos escritórios das motos Honda e num Lar de 3ª idade para estrangeiros. Fiz tese de licenciatura, que mais nenhuma colega quis fazer pois contava que ia ser abolida em breve e, em 1971, comecei a dar aulas e a estagiar no Liceu Pedro Nunes.
Esta foi a primeira das minhas vidas, sempre em Lisboa, com idas esporádicas a Inglaterra, França e Alemanha e Áustria à minha custa para aperfeiçoar as Línguas e tomar conta de crianças. Numa viagem à Suécia com estudantes do Técnico e de Coimbra conheci o meu futuro marido e a minha 2ª vida começou.
Hoje sonhei com a minha casa de infância, com os meus Pais e irmãos. Parecia um filme...a casa era linda, o jardim imenso. Foi lá que aprendi a amar a Natureza, as árvores, as estações do ano, o cheiro da relva cortada, as flores. Por isso tudo agradeço hoje e com nostalgia aos meus Pais.
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sábado, 14 de janeiro de 2012
domingo, 13 de novembro de 2011
Aniversário
Hoje faz 31 anos o meu filho mais novo.
Foi um dia muito difícil na minha vida, um do momentos em que a felicidade parece nunca mais chegar...
Tinha dois filhos, um com 4 anos, outra com 14 meses e vivia na minha nova casa há precisamente um mês, depois dum ano terrível passado em casa alheia. Não tinha ninguém no Porto se não o meu marido, a minha sogra tinha partido para a Madeira num congresso, a minha Mãe estava retida em Lisboa com o meu Pai muito doente depois dum AVC que acabou por levá-lo aos 68 anos três semanas mais tarde.
Lembro-me que a médica tinha previsto o nascimento para o dia 13 e eu dissera: Não,espero que não, detesto dias 13s. Mas foi mesmo. Antes de partir para a maternidade, ainda tive de dar de jantar aos dois pequenos e telefonar a uma amiga da minha sogra, pedindo-lhe que viesse a minha casa para ficar com eles, enquanto o meu marido me levava. Foi complicado, a senhora estava com gripe e obriguei-a a sair da cama, o que me custou muitíssimo.
O bébé nasceu as 10.30 da noite. A parteira estava de mau humor, pois fazia anos nesse dia e tinha interrompido o jantar para vir ajudar ao parto (coincidências!).
Fiquei sozinha durante a noite porque o meu marido estava preocupado com os outros meninos, mas percebi que não precisava de ninguém, afinal, a felicidade que eu procurava estava no rosto daquele pequeno ser ao meu lado, de olhos fechados
, angélico, o meu terceiro filho, que viria a ser tão importante na minha vida.
Fica aqui uma das suas músicas preferidas e que ele próprio toca na guitarra:
Foi um dia muito difícil na minha vida, um do momentos em que a felicidade parece nunca mais chegar...
Tinha dois filhos, um com 4 anos, outra com 14 meses e vivia na minha nova casa há precisamente um mês, depois dum ano terrível passado em casa alheia. Não tinha ninguém no Porto se não o meu marido, a minha sogra tinha partido para a Madeira num congresso, a minha Mãe estava retida em Lisboa com o meu Pai muito doente depois dum AVC que acabou por levá-lo aos 68 anos três semanas mais tarde.
Lembro-me que a médica tinha previsto o nascimento para o dia 13 e eu dissera: Não,espero que não, detesto dias 13s. Mas foi mesmo. Antes de partir para a maternidade, ainda tive de dar de jantar aos dois pequenos e telefonar a uma amiga da minha sogra, pedindo-lhe que viesse a minha casa para ficar com eles, enquanto o meu marido me levava. Foi complicado, a senhora estava com gripe e obriguei-a a sair da cama, o que me custou muitíssimo.
O bébé nasceu as 10.30 da noite. A parteira estava de mau humor, pois fazia anos nesse dia e tinha interrompido o jantar para vir ajudar ao parto (coincidências!).
Fiquei sozinha durante a noite porque o meu marido estava preocupado com os outros meninos, mas percebi que não precisava de ninguém, afinal, a felicidade que eu procurava estava no rosto daquele pequeno ser ao meu lado, de olhos fechados
, angélico, o meu terceiro filho, que viria a ser tão importante na minha vida.
Fica aqui uma das suas músicas preferidas e que ele próprio toca na guitarra:
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Os hábitos mudam
Dantes andávamos todos de transportes públicos. O automóvel, quando existia, era para levar as crianças à escola ou para os pais que trabalhavam muito se deslocarem para o local de trabalho.
Os estudantes andavam todos de autocarro em Lisboa.
A minha vida de estudante foi, aparentemente, um desperdício - ou talvez não - pois chegava a passar duas horas nos transportes públicos, muitas vezes à chuva, sem poder ler, pois enjoava, contemplando as ruas mais feias de Lisboa, por onde passava o autocarro 12.
Depois ainda tinha de apanhar o 38, de dois andares, que já seguia por ruas mais chiques. Chegava a casa extenuada à tardinha e só me apetecia dormir.
Quando comecei a dar aulas no Liceu Pedro Nunes, beneficiei de algumas boleias com um amigo do meu irmão, que também andava lá a estudar. Foi uma benesse, pois o liceu era muito fora de mão e tinha de sair as 7.45.
Quando casei, passei a ter de apanhar três transportes para chegar ao Liceu MªAmália - autocarro, metro e autocarro....chegava ao liceu as 8.15 e tinha cinco aulas em perspectiva...mas primeiro tomava um café no Pisca-Pisca, que já não existe, e comia uma madalena, que me sabia pela vida.
Tirei carta, mas nunca cheguei a guiar, tive dois acidentes, era distraída até dizer basta, não tinha jeito nenhum para conduzir e tornava-se perigoso fazê.lo. Foi uma grande lacuna na minha vida, em que experimentei quase tudo.
Parece que agora as pessoas se deram conta de que ter um automóvel sai caríssimo e descobriram que há metro, autocarro e até eléctricos no Porto.
Estão em pânico, como se passar do carro para o omnibus fosse uma degradação humilhante. Deviam ir a Londres
ou a Munique,
onde se vêem executivos vestidos a preceito no metro ou nos Strassenbahnen, eléctricos que percorrem a cidade toda. Ninguém sente vergonha, nem medo. Todos são inteligentes e amigos do ambiente.
Os estudantes andavam todos de autocarro em Lisboa.
A minha vida de estudante foi, aparentemente, um desperdício - ou talvez não - pois chegava a passar duas horas nos transportes públicos, muitas vezes à chuva, sem poder ler, pois enjoava, contemplando as ruas mais feias de Lisboa, por onde passava o autocarro 12.

Quando comecei a dar aulas no Liceu Pedro Nunes, beneficiei de algumas boleias com um amigo do meu irmão, que também andava lá a estudar. Foi uma benesse, pois o liceu era muito fora de mão e tinha de sair as 7.45.
Quando casei, passei a ter de apanhar três transportes para chegar ao Liceu MªAmália - autocarro, metro e autocarro....chegava ao liceu as 8.15 e tinha cinco aulas em perspectiva...mas primeiro tomava um café no Pisca-Pisca, que já não existe, e comia uma madalena, que me sabia pela vida.
Tirei carta, mas nunca cheguei a guiar, tive dois acidentes, era distraída até dizer basta, não tinha jeito nenhum para conduzir e tornava-se perigoso fazê.lo. Foi uma grande lacuna na minha vida, em que experimentei quase tudo.
Parece que agora as pessoas se deram conta de que ter um automóvel sai caríssimo e descobriram que há metro, autocarro e até eléctricos no Porto.



sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Cinema - esse local mágico para tudo esquecer
Hoje fui ao cinema. Paguei 5 euros por dois bilhetes por ser cliente da Zon e senior:))
Não foi uma ida vulgar, mas propositada, para me esquecer da realidade, para me evadir em espírito e por umas horas acreditar.
Acordei com uma angústia enorme que só passou quando me sentei na sala e as luzes se apagaram. As razões para tal não existem, são endémicas, como se diz agora. Mas a verdade é que acordei como se o mundo fosse acabar amanhã. Há coisas que não se explicam, fazem parte da nossa maneira de ser e são difíceis de compreender, quando se tem tudo na vida para se ser feliz.
O filme era o ideal. Inglês, passado na Escócia e em Londres, simples, bonito, verosímil, q.b. Actores excelentes, sentimentos contidos, evolução das relações, dos hábitos, das vidas...
A linha do enredo do filme é revelar o que se passa na vida de duas pessoas no dia 15 de Julho, ano após ano durante vinte anos, o que fazem, com quem vivem, como trabalham, do que gostam, etc. É original e interessante, mesmo que aparentemente um pouco vazio. A minha filha tem o romance e vou lê-lo, pois deve ser mais denso e talvez mais empolgante. Mas gostei do filme, da música e da Paz que me transmitiu.
Os meus netos vieram aqui durante a tarde, vão crescendo e dando-me cada vez mais alegria. O mais velho já vai no 4º Harry Potter com sete anos de idade....adora ler... e a J.K Rowling caiu-lhe no goto.Ainda bem, acho que quando tinha a idade dele, ler era o meu hobby favorito, para alem de fazer ginástica pela casa toda, segundo dizem as minhas irmãs...o mais novo com 2 anos já diz OK, em vez de Sim, está no bom caminho:))
Não foi uma ida vulgar, mas propositada, para me esquecer da realidade, para me evadir em espírito e por umas horas acreditar.
Acordei com uma angústia enorme que só passou quando me sentei na sala e as luzes se apagaram. As razões para tal não existem, são endémicas, como se diz agora. Mas a verdade é que acordei como se o mundo fosse acabar amanhã. Há coisas que não se explicam, fazem parte da nossa maneira de ser e são difíceis de compreender, quando se tem tudo na vida para se ser feliz.

O filme era o ideal. Inglês, passado na Escócia e em Londres, simples, bonito, verosímil, q.b. Actores excelentes, sentimentos contidos, evolução das relações, dos hábitos, das vidas...


Os meus netos vieram aqui durante a tarde, vão crescendo e dando-me cada vez mais alegria. O mais velho já vai no 4º Harry Potter com sete anos de idade....adora ler... e a J.K Rowling caiu-lhe no goto.Ainda bem, acho que quando tinha a idade dele, ler era o meu hobby favorito, para alem de fazer ginástica pela casa toda, segundo dizem as minhas irmãs...o mais novo com 2 anos já diz OK, em vez de Sim, está no bom caminho:))
domingo, 21 de agosto de 2011
De novo no ninho
Os meus netos voltaram hoje ao ninho e , como sempre, estranhei o barulho, algazarra, turbulência que eles obviamente causam, ou não fossem crianças. Causa-me espanto como é que dantes, suportava tão bem o barulho em casa, eu que também tinha três e eram vivaços, como estes; em geral, aguentava-os bem, mesmo depois de dar cinco aulas consecutivas à tarde. Ou então, já me esqueci dos berros que dava e das dores de cabeça ao fim do dia. O que vale é que nossa memória é selectiva e muitas vezes esquecemos o que foi horrivel para só lembrar o melhor.
'E como a trovoada, que hoje finalmente caiu sobre a cidade, mansamente, mas benéfica, pois o ar ficou mais leve, o horizonte abriu-se, o sol pálido resurgiu e as plantas do botânico ergueram os braços em louvor ao Criador. Hoje tudo estava brilhante, luzidio, fresco ...como as minhas pinturas antes de secarem.
Foi um Domingo sem história...mas com companhia. Poderia eu viver sem netos.....? Poder, podia, mas não era mesma coisa!
'E como a trovoada, que hoje finalmente caiu sobre a cidade, mansamente, mas benéfica, pois o ar ficou mais leve, o horizonte abriu-se, o sol pálido resurgiu e as plantas do botânico ergueram os braços em louvor ao Criador. Hoje tudo estava brilhante, luzidio, fresco ...como as minhas pinturas antes de secarem.
Foi um Domingo sem história...mas com companhia. Poderia eu viver sem netos.....? Poder, podia, mas não era mesma coisa!
sábado, 20 de agosto de 2011
Angústia de verão

O mês de Agosto então era um sufoco sem empregada, com as crianças em casa todo o dia, sem carro pois nunca conduzi, numa cidade quente e com poucos espaços verdes, sem nenhuma ajuda do meu ex-ou da família.
Detestava o mês de Agosto, mesmo quando íamos para a Luz, sentia um enorme cansaço, os dias eram intermináveis, o descanso relativo e só os banhos de mar, a evasão na praia ou alguma música me davam conforto.
Mesmo assim, acabava sempre as férias em depressão, desejosa de começar as aulas, de ver os novos alunos, pegar nos livros, preparar tudo e enfrentar o ano lectivo com entusiasmo, sabendo que os filhos voltavam para o infantário ou para o colégio e não estavam comigo full time. Não fui uma má mãe, creio eu, mas nunca achei que fosse possível educar três filhos praticamente sozinha e ainda fazer tudo em casa. Nunca tive desejos de ser fada do lar e fui-o muitas vezes, vezes demais, até que os filhos cresceram e começaram a ser independentes e aí comecei a respirar um pouco.
Nessa altura, pelos anos 80, dediquei-me ao trabalho até à exaustão, trabalhando em três ou quatro coisas simultaneamente, produzindo manuais escolares todos os anos durante as férias, dando aulas particulares, fazendo sessões para professores, procurando ser melhor profissional que nunca. Tenho a consciência de que fui sempre uma professora motivada e os meus alunos gostavam das aulas e de aprender inglês. Também adorei alguns anos de estágio,em que arranjei verdadeiras amigas nas jovens que queriam ser docentes e ainda não tinham experimentado dar aulas. Os agostos passaram a ser mais trabalho....
Este ano tive as minhas férias cedo demais - pode-se dizer que vivo em férias permanentes, mas não é bem assim - as férias só o são a sério quando se sai de casa ou quando se antevê uma perspectiva de fuga breve. Sem isso, tornam-se uma obrigação, uma sucessão de tarefas chatas, uma monotonia.
O que nos dava prazer -o tempo livre - passa a ser um fardo. E vemos o tempo a fugir, queremos fazer coisas, mas já não temos coragem para encetar um programa de divertimento e distracção à nossa medida. Vivemos para os outros, em função dos outros. Isso deprime-nos. E a eles também.
Hoje senti isso vivamente...passei o dia deprimida...fiz uma colagem do Porto, pintei um quadro que está secar e até as próprias cores da foto e do quadro reflectem angústia...
Amanhã tenho de sair, talvez vá a Serralves ou ao parque da cidade....talvez ao cinema...não posso é ficar em casa a pensar no passado e a angustiar-me com o futuro.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
A magia do lar :)
Hoje cheguei a uma triste conclusão: passamos a vida a desarrumar...tiramos tudo dos sítios, nunca arrumamos nada bem, enfiamos as toalhas junto com os toalhões, casacos com camisas, camisolas de verão com as de inverno, livros com discos, medicamentos com artigos de toilete, pinceis com colheres de pau...etc.etc,etc.
Falo por mim, claro está, pois mesmo depois de me aposentar, tenho uma tendência para a trapalhice, não gosto duma casa super arrumadinha, daquelas que parecem de revista, onde não há um grama de pó, nem um livro fora do sítio.
Nem consigo perceber como é que certas pessoas conseguem.
A minha casa está sempre desarrumada, os meus filhos são descuidados por natureza, habituaram-se a ir para a escola as 8 e a voltar as 6, muitas vezes ainda com deveres do colégio alemão por fazer. Nunca se preocuparam por ter as coisas espalhadas pelos quartos, livros, CDs, roupa, cadernos, etc. pelas mesas, estantes ou cadeiras. De vez em quando a empregada arrumava, mas na maioria dos casos, deixava na mesma, até que um dia me dava uma fúria depressiva de "fada do lar" e arrumava eu tudo.
Ainda agora isso acontece. Quando os meus filhos estiveram fora, os quartos estavam impecáveis, cheios de livros e DVDs ou bibelots, mas com a roupa sempre no seu sítio. Há dois meses, tudo voltou à estaca zero, a minha filha parece que não conhece a palavra cabide ou gaveta... e o meu filho, que é mais arrumado, muda de roupa três vezes ao dia, o que equivale a roupa espalhada pelo quarto todos os dias. Raramente "puxam as orelhas" à cama, os edredons ficam atirados, pois à noite vão ter de os usar outra vez, para quê puxá-los, alisá-los e esticá-los? A empregada só vem uma vez por semana e nesses dias tem muito que fazer, não pode estar a arrumar...nem o sabe fazer.
Só o meu quarto está arrumado e mesmo assim tem coisas a mais,
devia deitar fora frascos e bibelots que só se enchem de pó, mas alguns vieram de casa dos meus pais, outros foram-me oferecidos, faz-me pena deitá-los fora.
Ainda hoje, quando resolvi arrumar os armários de roupa da casa de alto a baixo, encontrei uma toalhinha feita pela minha Mãe já ela tinha uns 70 anos, mas que revela uma capacidade visual notável. É bordada a ponto de cruz miúdo,
como se pode ver na foto. Pu-la na sala, em móvel de destaque, por baixo dum quadro meu para me recordar da sua dedicação e gosto. Também eu bordei muitas toalhas, que comprava em Munique já com o desenho marcado e oferecia as minhas sobrinhas, e fiz outras em crochet, que estão agora arrumadas e não servem para nada.
A minha vida social é nula, raro é ter visitas ou chás...ou jantares, como planeava ao separar-me do meu marido. Em poucos anos, perdi qualquer desejo de receber pessoas em minha casa- nunca tive muito - e quando há festas de família, vamos sempre a casa do meu filho por razões compreensíveis. Assim sendo, a minha mesa de cozinha
passou a ser mesa de pintura e a da sala de jantar mesa de trabalho! Os meus netos vão sempre as 8 para a cama, nem dá para os convidar a jantar cá! Bem gostava por vezes de os ter mais tempo, mas eles estão habituados àquela rotina...
O meu filho mais novo hoje resolveu encher sete sacos do lixo com papelada - depois de grande insistência minha - e agora está a dormir o repouso do guerreiro, como se tivesse estado numa batalha campal. :). Em breve toda a mobília dele vai para o seu apartamento e ficarei então com um quarto vazio para desarrumar à vontade:).
Ai quadros, pinceis, frascos, bisnagas, papeis, tesouras, telas, cavaletes, caixas....ireis ter um quarto só para vós, vai ser uma alegria, um atelier caseiro, que nunca tive e bem preciso!
Falo por mim, claro está, pois mesmo depois de me aposentar, tenho uma tendência para a trapalhice, não gosto duma casa super arrumadinha, daquelas que parecem de revista, onde não há um grama de pó, nem um livro fora do sítio.
A minha casa está sempre desarrumada, os meus filhos são descuidados por natureza, habituaram-se a ir para a escola as 8 e a voltar as 6, muitas vezes ainda com deveres do colégio alemão por fazer. Nunca se preocuparam por ter as coisas espalhadas pelos quartos, livros, CDs, roupa, cadernos, etc. pelas mesas, estantes ou cadeiras. De vez em quando a empregada arrumava, mas na maioria dos casos, deixava na mesma, até que um dia me dava uma fúria depressiva de "fada do lar" e arrumava eu tudo.
Ainda hoje, quando resolvi arrumar os armários de roupa da casa de alto a baixo, encontrei uma toalhinha feita pela minha Mãe já ela tinha uns 70 anos, mas que revela uma capacidade visual notável. É bordada a ponto de cruz miúdo,

O meu filho mais novo hoje resolveu encher sete sacos do lixo com papelada - depois de grande insistência minha - e agora está a dormir o repouso do guerreiro, como se tivesse estado numa batalha campal. :). Em breve toda a mobília dele vai para o seu apartamento e ficarei então com um quarto vazio para desarrumar à vontade:).
Ai quadros, pinceis, frascos, bisnagas, papeis, tesouras, telas, cavaletes, caixas....ireis ter um quarto só para vós, vai ser uma alegria, um atelier caseiro, que nunca tive e bem preciso!
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Memórias
Hoje fui "a toque de caixa" para o apartamento da Ramada Alta pelas 12.30 pois os homens da Conforama, que tinham ficado de lá ir à tarde - telefonaram-me pelas 12.30 a ver se podiam colocar os moveis e máquinas antes do almoço. Meti-me num taxi e cheguei lá em dez minutos, os feriados são fantásticos para se andar nesta cidade.
Entretanto, enquanto eles montavam as cadeiras , mesa e estante, enchi de novo as capas dos sofás, que tinha lavado aqui em casa e ficaram um brinquinho. Encontrei na garagem umas almofadas vermelhas bordeaux, que lhes dão alguma cor. A mesa de jantar ficou um espanto, é castanho escura, com tampo em vidro - uma parte - o que lhe dá uma leveza enorme e as cadeiras são muito bonitas e até um pouco clássicas, com tampos de veludo branco sujo....muito bonitas e foram tão baratas.
A estante, então, faz os meus encantos é uma quadrado com dezasseis buracos, sem costas, mas com os livros - mesmo os codigos e quejandos - vai ficar lindissima!
Os homens eram muito simpáticos e como sempre, disseram: A senhora tem aqui uma vista.....o mar todo de ponta a ponta. Indeed.
Alegro-me com estas pequenas coisas. Limpei tudo na cozinha, coloquei alguns objectos que estavam na garagem e faziam falta na casa e saí para a Serpa Pinto.
Na farmácia, que está aberta 24 h por dia - é uma das melhores do Porto - consegui comprar um medicamento sem receita médica, pois a Dra conhece-me há 30 anos, desde que fui viver para aqueles lados. Evitou-me ter de marcar uma consulta só para arranjar um medicamento sem o qual não consigo dormir.
O dia está soalheiro, as pessoas com quem me cruzei eram simpáticas e fiquei a pensar na minha vida que decorreu naquele perímetro de ruas de 1977, tinha o meu filho mais velho um ano, até 2006, quase três décadas. Foram os anos mais importantes da minha vida profissional e familiar. Toda a gente me conhecia ou do liceu ou da casa. Fui professora de meio mundo....
Esta colagem reflecte o que vejo na Ramada Alta. Fi-la já há tempos para o blogue. Gostava de ser capaz de a pintar.
Estou bem mais ligada àquela zona que aqui ao Campo Alegre, muito fino, mas muito novo-rico, com casais pseudo-queques, que nos olham de alto a baixo, à saída do elevador.
Estou em crer que um dia voltarei para o meu apartamento, quando os meus netos forem grandes ou se resolverem mudar de casa. Esta foi muito cara e não vale o que custou. Foi puro amor de Mãe e Avó, o que me levou a vir para aqui...mas penso, muitas vezes, que ali estava melhor, mesmo sozinha, há lojas, gente, comodidades, minimercado, farmácia, multibanco, taxis, metro... ao sair do portão... e aqui só tenho árvores, árvores, árvores,...que não falam comigo e perdem a folha, mal vem o Outono.

Entretanto, enquanto eles montavam as cadeiras , mesa e estante, enchi de novo as capas dos sofás, que tinha lavado aqui em casa e ficaram um brinquinho. Encontrei na garagem umas almofadas vermelhas bordeaux, que lhes dão alguma cor. A mesa de jantar ficou um espanto, é castanho escura, com tampo em vidro - uma parte - o que lhe dá uma leveza enorme e as cadeiras são muito bonitas e até um pouco clássicas, com tampos de veludo branco sujo....muito bonitas e foram tão baratas.
A estante, então, faz os meus encantos é uma quadrado com dezasseis buracos, sem costas, mas com os livros - mesmo os codigos e quejandos - vai ficar lindissima!
Os homens eram muito simpáticos e como sempre, disseram: A senhora tem aqui uma vista.....o mar todo de ponta a ponta. Indeed.
Alegro-me com estas pequenas coisas. Limpei tudo na cozinha, coloquei alguns objectos que estavam na garagem e faziam falta na casa e saí para a Serpa Pinto.
Na farmácia, que está aberta 24 h por dia - é uma das melhores do Porto - consegui comprar um medicamento sem receita médica, pois a Dra conhece-me há 30 anos, desde que fui viver para aqueles lados. Evitou-me ter de marcar uma consulta só para arranjar um medicamento sem o qual não consigo dormir.
O dia está soalheiro, as pessoas com quem me cruzei eram simpáticas e fiquei a pensar na minha vida que decorreu naquele perímetro de ruas de 1977, tinha o meu filho mais velho um ano, até 2006, quase três décadas. Foram os anos mais importantes da minha vida profissional e familiar. Toda a gente me conhecia ou do liceu ou da casa. Fui professora de meio mundo....
Esta colagem reflecte o que vejo na Ramada Alta. Fi-la já há tempos para o blogue. Gostava de ser capaz de a pintar.
Estou bem mais ligada àquela zona que aqui ao Campo Alegre, muito fino, mas muito novo-rico, com casais pseudo-queques, que nos olham de alto a baixo, à saída do elevador.
Estou em crer que um dia voltarei para o meu apartamento, quando os meus netos forem grandes ou se resolverem mudar de casa. Esta foi muito cara e não vale o que custou. Foi puro amor de Mãe e Avó, o que me levou a vir para aqui...mas penso, muitas vezes, que ali estava melhor, mesmo sozinha, há lojas, gente, comodidades, minimercado, farmácia, multibanco, taxis, metro... ao sair do portão... e aqui só tenho árvores, árvores, árvores,...que não falam comigo e perdem a folha, mal vem o Outono.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Cidade morta
Tenho a sensação de viver numa cidade morta...
Agosto, mês quente, tem sido apenas cálido e por vezes aé fresco. Não há bulício, apitadelas, travagens bruscas aqui na rua, o que é óptimo. Mas sente-se que a vida parou, as pessoas andam tristonhas, os cafés meio cheios, o ar pesado.
Ontem fui ao Cidade do Portoe a rapariga da caixa no Froiz disse-me com ar triste que numa semana fecharam três lojas...é possível que abram outras, parte do edifício está em renovação, a praça da alimentação do piso de baixo está fechada para obras. A Leitura continua convidativa, mas é curioso que não me apeteceu ler nenhum dos livros expostos, nem mesmo A Viagem à India, de Gonçalo M Tavares, que tão falado tem sido. É um romance em Cantos, como os dos Lusíadas, e deve ser interessante, mas é caro e pesado, não me apeteceu comprar mais um livro para encher as prateleiras, que já estão demasiado cheias. Ontem passei muita roupa a ferro, porque me apetecia fazer algo, cosi cinco pares de calças do meu filho, cujas bainhas estavam meias rotas de roçar no chão, lavei roupa, andei numa dobadoira por pura adrenalina e necessidade de me sentir viva.
É raro passar Agosto no Porto, no ano passado fui à Madeira, onde passei uns dias de sonho, há dois anos estive em Boston e em Porto Santo...
Tenho um projecto em mãos neste momento que tem a ver com o meu apartamento da Ramada Alta, onde o meu filho mais novo irá provavelmente viver, a partir de Setembro.Vivi lá quatro anos e gosto muito daquela casa, não só porque representou a minha independência em 2002, mas também porque é ampla, tem uma vista esplendorosa sobre a parte ocidental do Porto, até ao mar, que se vê desde a Afurada até a Matosinhos e Leça nos dias claros. Tem muito mais sol que este apartamento, tristonho no verão. Pode-se mesmo ver o por do sol sobre o mar todos os dias, se não houver nevoeiro.Hoje vou lá voltar para ver como está, pois tem estado á venda e não sei se as visitas o trataram bem. Aproveitarei para matar saudades dum tempo que foi belo e dramático simultaneamente. Mudei para fcar perto dos filhos e netos, mas não esqueci aquela sala, onde passei tantas horas de liberdade recente.
Para a semana volto ao Solinca, ando com dores nas costas e não me apetece muito fazer esforço físico continuado, mas quero continuar o meu plano de fitness, que não descurei na Luz, apesar da alimentação menos ortodoxa que lá se faz.:)
Agosto, mês quente, tem sido apenas cálido e por vezes aé fresco. Não há bulício, apitadelas, travagens bruscas aqui na rua, o que é óptimo. Mas sente-se que a vida parou, as pessoas andam tristonhas, os cafés meio cheios, o ar pesado.
Ontem fui ao Cidade do Portoe a rapariga da caixa no Froiz disse-me com ar triste que numa semana fecharam três lojas...é possível que abram outras, parte do edifício está em renovação, a praça da alimentação do piso de baixo está fechada para obras. A Leitura continua convidativa, mas é curioso que não me apeteceu ler nenhum dos livros expostos, nem mesmo A Viagem à India, de Gonçalo M Tavares, que tão falado tem sido. É um romance em Cantos, como os dos Lusíadas, e deve ser interessante, mas é caro e pesado, não me apeteceu comprar mais um livro para encher as prateleiras, que já estão demasiado cheias. Ontem passei muita roupa a ferro, porque me apetecia fazer algo, cosi cinco pares de calças do meu filho, cujas bainhas estavam meias rotas de roçar no chão, lavei roupa, andei numa dobadoira por pura adrenalina e necessidade de me sentir viva.
É raro passar Agosto no Porto, no ano passado fui à Madeira, onde passei uns dias de sonho, há dois anos estive em Boston e em Porto Santo...
Tenho um projecto em mãos neste momento que tem a ver com o meu apartamento da Ramada Alta, onde o meu filho mais novo irá provavelmente viver, a partir de Setembro.Vivi lá quatro anos e gosto muito daquela casa, não só porque representou a minha independência em 2002, mas também porque é ampla, tem uma vista esplendorosa sobre a parte ocidental do Porto, até ao mar, que se vê desde a Afurada até a Matosinhos e Leça nos dias claros. Tem muito mais sol que este apartamento, tristonho no verão. Pode-se mesmo ver o por do sol sobre o mar todos os dias, se não houver nevoeiro.Hoje vou lá voltar para ver como está, pois tem estado á venda e não sei se as visitas o trataram bem. Aproveitarei para matar saudades dum tempo que foi belo e dramático simultaneamente. Mudei para fcar perto dos filhos e netos, mas não esqueci aquela sala, onde passei tantas horas de liberdade recente.
Para a semana volto ao Solinca, ando com dores nas costas e não me apetece muito fazer esforço físico continuado, mas quero continuar o meu plano de fitness, que não descurei na Luz, apesar da alimentação menos ortodoxa que lá se faz.:)
sábado, 23 de julho de 2011
Férias III
Hoje estou um pouco desanimada, não sei porquê, creio que é puro cansaço. Já não tenho idade para tanta aventura e a água gelada - 18º - dá-me cabo dos ossos, daí, sentir permanente dor nas articulações. Parece que cada dia a água arrefece mais, os ingleses estão todos alapardados na areia e nas rochas, comentando que a água aqui é quase tão fria como nas terras de Sua Majestade.
Os meus netos felizmente, aguentam-se bem, o mais pequenito parece impermeável ao frio...hoje só dizia : mamma mia, que este frigorífico é frio:))), mas mergulhava milhentas vezes e saía com a mesma cara de riso, feliz e contente. É um miudo muito pandego, mesmo engraçado, mas cansativo, porque nunca se cala, parece que lhe pagaram para matar o silêncio. Até o irmão se enerva com ele, embora o espicace para o fazer falar e levar um ralhete. Hoje comprei uns óculos e tubo para o mais velho - já tinha prometido - pois ele já consegue manejar as duas coisas e ver o que se passa lá em baixo, como eu. O problema é a água gelada, não se aguenta muito tempo a fazer snorkelling....a testa começa a doer e temos de sair.
O vento é quente e o sol fortíssimo, neste momento estou a escrever no jardim e os meus pés estão a queixar-se e em risco de virar torresmos....
O meu filho deve estar a chegar de Munique - foi ida e volta, de modo que dispensei a sesta habitual, só os meninos dormem que nem anjos, depois do banho gelado da manhã....é agradável ter silêncio, mas ao mesmo tempo, hoje sinto que já parte da família vai embora amanhã e ficarei só com tres...é a vida, não podemos estar sempre juntos e nem seria bom, pois há sempre o cansaço inerente.
Os homens pouco fazem cá em casa, são as mulheres - a minha filha e eu - que dão conta da lide caseira, compras, inclusivé...eles estão estafados do trabalho deste ano, de que ainda não s desligaram sequer.
Tenho saudades de pintar, mas as tintas acabaram por ficar em casa do meu filho e só tenho aqui os pincéis e as telas...acho que vou comprar umas aguarelas e finalmente dedicar-me a essa técnica....
A vida é bela...e as férias ainda vão a meio.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Mensagem de esperança
Recebi hoje do meu irmão um mail sobre a 3ª idade nos EUA.
Terminava assim:
Life is short!
Break the rules!
Forgive quickly!
Love truly, Laugh uncontrollably.
And never regret
Anything that made you smile.
The best things in life are free until the government finds out and taxes em'.

A vida é curta!
Quebre regras!
Perdoe rapidamente!
Ame a sério, ria desalmadamente.
E nunca se arrependa
de algo que a/o fez sorrir.
As coisas melhores da vida são grátis até que o Estado as descubra e o/a obrigue a pagar impostos.
Um bom dia para todos!
Terminava assim:
Life is short!
Break the rules!
Forgive quickly!
Love truly, Laugh uncontrollably.
And never regret
Anything that made you smile.
The best things in life are free until the government finds out and taxes em'.
A vida é curta!
Quebre regras!
Perdoe rapidamente!
Ame a sério, ria desalmadamente.
E nunca se arrependa
de algo que a/o fez sorrir.
As coisas melhores da vida são grátis até que o Estado as descubra e o/a obrigue a pagar impostos.
Um bom dia para todos!
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Ainda a Primavera em tons de verde

Enche-me de alegria ver as folhas das árvores a brotar dos ramos, lentamente, cada uma a seu ritmo, sem pressas, gozando da plenitude deste sol quase tórrido e pedindo uma chuva mansa, que volta e meia vem cair neste jardim.

Da janela do meu quarto vejo tudo isto em transformação, as várias estações que se sucedem rapidamente e que nos lembram que a nossa vida também corre vertiginosamente e que as nossas estações têm, elas também, os seus encantos.
Há duas tílias grande no jardim aqui vizinho. Uma já está frondosa, linda, espessa, impedindo-me de espiolhar o que se passa na casa, outra, mais novinha que só agora começa a deitar os seus rebentos e que parece nua, no meio de tanto verde.
Nos jardins mais à frente, é um bálsamo olhar os cambiantes de cor nas plantas que se erguem para este céu tão azul.
Ontem passei pela Rotunda. Estava gorgeous,

Amo a natureza....amo esta estação do ano...amo as tardes grandes e longas....amo a Vida.

Para terminar, dois poemas de Sophia alusivos à quadra, num vídeo maravilhoso com música de Chopin.
domingo, 5 de dezembro de 2010
De Goa para Lisboa...aos 14 anos

Faz hoje trinta anos que o meu Pai faleceu. Depois de um AVC em Junho, em que ficou incapacitado parcialmente, os seis meses que se seguiram foram penosos para a família, que o vira sempre tão dinâmico, esperançoso, feliz com os seus numerosos netos, que já eram 13 ao todo ( hoje são 21). Na altura já eu vivia no Porto e tinha tido o meu filho mais novo tres semanas antes. Nunca chegou a conhece-lo.

O meu Pai foi único, não digo no sentido melhor ou pior, mas pessoas como ele não existem muitas. Nasceu em Goa. Aos 14 anos, seus pais, meus Avós, enviaram-no para Lisboa, num navio a cargo do capitão, para estudar na capital do Império, que ficava a um mês de distância. Era o filho mais velho de oito irmãos, inteligente, deveria preparar-se melhor para uma carreira futura. O seu tio Padre o acolheria e ajudaria a formar-se. Depois de terminado o curso voltaria para Goa.
Aos 21 anos o meu Pai terminou o curso de Medicina e foi convidado para Assistente do Professor Castro Freire, pediatra, a título gracioso. Trabalhou então em policlínicas para se sustentar. Aos 28 casou com a minha Mãe e só voltou a Goa em visita 35 anos depois de ter chegado.

Admiro muito o meu Pai, embora sempre lhe visse alguns defeitos, que na altura não compreendia, mas agora percebo claramente. A sua exigência, uma certa dificuldade em ceder, intransigência e reserva eram apenas uma capa, no fundo preocupava-se connosco e emocionava-se com os nossos sucessos. Ensinou-me muito a nível de apreciação da música, da arte, da natureza e dos valores familiares. Foi um exemplo como Homem, Marido e Pai.
Faleceu cedo demais. Tinha 68 anos. Poderia ter gozado mais trinta anos, reformado, com os netos e bisnetos, fazendo as suas viagens com a minha Mãe que ele adorava.
Estive cinco anos fora de tudo, na província e vi-o menos do que gostaria. Mas mesmo assim, nunca esquecerei a última vez que o vi aqui no Porto, à porta da casa da minha sogra, com a sua gabardine beige, ansioso por me ver, com duas prendinhas para os meus filhos mais velhos. Vinha para um congresso e no hotel, mostrou-me, orgulhoso, os slides que fizera para a sessão, desejei-lhe boa sorte. Nunca mais o vi assim.
Eis aqui a homenagem modesta que lhe que posso fazer aqui no meu blogue, Pai.
Como diz o seu filho mais novo, os Pais devem estar algures na Eternidade, a olhar para os vossos 21 netos e trinta bisnetos, com um sorriso de felicidade.
Até sempre!
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
E nem de propósito
Ao serão, buscando alternativas à maldita TV e suas notícias aterradoras, encontrei uma pérola no YouTube. Sem palavras.
Vejam, oiçam e acreditem que ainda há coisas lindas neste mundo!
Um óptimo fim do dia.
Vejam, oiçam e acreditem que ainda há coisas lindas neste mundo!
Um óptimo fim do dia.
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Good bye- see you soon

De novo em viagem, desta feita para Inglaterra, sweet old England.

Vou levar a minha filha que vai lá ficar dois anos a tirar uma MA TESOL. Já lá esteve três anos de 2002 a 2005, volta de novo à sua cidade adoptiva.
O meu filho vai hoje para Lisboa para frequentar o curso do CEJ, no qual entrou with flying colours. Vai para a metrópole, a capital, que é a minha cidade natal. Já sinto um nó na garganta....depois de anos em que eles estiveram aqui presentes, embora vivendo as suas vidas.

Vou enfrentar a solidão a um, desta vez. Olhar para mim mesma e interrogar-me sobre o que quero fazer por e de mim, já que por eles faço tudo e até demais. A minha vida vai dar uma volta de 180º mais uma vez. Tenho de a gerir com bom senso e beleza. Para que os anos que me restam sejam ricos humana e culturalmente.É uma nova etapa que começa no dia 21 com o equinócio.

E last but not least: há os netos, que estão a crescer de dia para dia e que se vão afastando um pouco de nós, dada a vida tão cheia de actividades da escola, musicais, tempos livres, etc. que os ocupam todos os dias. Há que dedicar-lhes momentos belos. Momentos únicos, como os que passei muitas vezes com os meus avós em Lisboa, em Sintra, no Estoril.
Vou voltar a pintar....e continuar a fotografar...a meditar....e a VIVER.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Adeus, Saramago

Hoje faleceu José Saramago. Escolheu viver longe de Portugal numa ilha, cercado de mar por todos os lados. Lanzarote foi o seu refúgio. Não gostava de Portugal. Lá teria as suas razões...como Maria João Pires e outros grandes vultos da nossa cultura, achava-se mal amado no nosso país. Não era persona grata, por muito que agora todos os amem e exaltem.
Nunca fui apologista das suas obras, so li duas e gostei: Todos os Nomes e O Ano da Morte de Ricardo Reis, mas houve outras , entre os quais o Memorial do Convento que deixei a meio ou a 1/4. Não vou aqui homenageá-lo, acredito que foi uma personalidade única na cultura portuguesa e será sempre lembrado como pessoa corajosa e polémica. Não sei se todos os que compram os seus livros os lêem...tenho dúvidas. Mas há jovens que o lêem e gostam. Ainda bem.
sábado, 15 de maio de 2010
Alasdair Roberts
É um cantor pouco conhecido , embora tenha estado há pouco tempo na Aula Magna de Lisboa. É escocês e canta música inspirada em canções tradicionais, muito sentidas e com aquele sabor céltico que perdura para além dos rocks e pops que por aí se propagam sem qualquer valor.
Mandei vir dois CDs pela Aamazon para o meu filho que termina hoje os exames escritos para o CEJ, se Deus quiser, e gostei muito de ouvir este tipo de baladas, de modo que as ponho aqui para quem quiser desfrutar dum tipo de música menos convencional.As letras são sempre um pouco herméticas, ao estilo medieval, com a Morte e a Vida em constante sobressalto.Esta canção chama-se Farewell sorrows ( dores do adeus)
Raise me high, raise me high,
That I may see my fallen kindred seated.
Who met with death upon the battlefield,
Who, in the end, fell and were defeated.
And the way they were tricked by death,
Betrayed, betrayed, leveled and mistreated.
I've stuck a knife in a man for less,
But Death is not so easily defeated.
And you can pray, pray and pray for Life.
But know my friend, my dearest friend, please know this,
That Life is but Death's own right-hand man.
In every piece of his own left-hand business.
So, arm in arm, we'll run toward those two
And, we as they, join them double-threaded
And, arms flung wide, we'll run towards those two
And never fear that which once we dreaded.
[ Farewell Sorrow Lyrics on http://www.lyricsmania.com/
Tradução livre duma quadra :
E bem podes rezar, rezar, rezar pela tua Vida
Mas fica ciente, meu amigo, meu querido amigo,
De que a Vida não é mais que o braço direito da Morte
movendo-se em todos os meandros da sua sinistra empresa.
Gloomy !!! :)))
Mandei vir dois CDs pela Aamazon para o meu filho que termina hoje os exames escritos para o CEJ, se Deus quiser, e gostei muito de ouvir este tipo de baladas, de modo que as ponho aqui para quem quiser desfrutar dum tipo de música menos convencional.As letras são sempre um pouco herméticas, ao estilo medieval, com a Morte e a Vida em constante sobressalto.Esta canção chama-se Farewell sorrows ( dores do adeus)
Raise me high, raise me high,
That I may see my fallen kindred seated.
Who met with death upon the battlefield,
Who, in the end, fell and were defeated.
And the way they were tricked by death,
Betrayed, betrayed, leveled and mistreated.
I've stuck a knife in a man for less,
But Death is not so easily defeated.
And you can pray, pray and pray for Life.
But know my friend, my dearest friend, please know this,
That Life is but Death's own right-hand man.
In every piece of his own left-hand business.
So, arm in arm, we'll run toward those two
And, we as they, join them double-threaded
And, arms flung wide, we'll run towards those two
And never fear that which once we dreaded.
[ Farewell Sorrow Lyrics on http://www.lyricsmania.com/
Tradução livre duma quadra :
E bem podes rezar, rezar, rezar pela tua Vida
Mas fica ciente, meu amigo, meu querido amigo,
De que a Vida não é mais que o braço direito da Morte
movendo-se em todos os meandros da sua sinistra empresa.
Gloomy !!! :)))
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Uma Entrada que pode parecer orgulho
Mas não consigo deixar de anunciar aqui o lançamento de mais um romance do meu irmão Mário, que entretanto, também lançou outro livro mais dedicado às mães ( de filhos que dormem menos bem...:)
Li este romance há meses e acho-o especial, mas não vou fazer nenhuma crítica, nem positiva, nem negativa, dado que o li em privado e talvez nem seja igual à versão final. Gosto muito da ideia, que partiu da sua própria experiência da vida na Praça Pasteur em Lisboa, microcosmos da grande cidade e do Mundo.
Vai aqui a capa com fotografia tirada pelo autor, quanto a mim, muito feliz.
Parabéns!
Li este romance há meses e acho-o especial, mas não vou fazer nenhuma crítica, nem positiva, nem negativa, dado que o li em privado e talvez nem seja igual à versão final. Gosto muito da ideia, que partiu da sua própria experiência da vida na Praça Pasteur em Lisboa, microcosmos da grande cidade e do Mundo.

Vai aqui a capa com fotografia tirada pelo autor, quanto a mim, muito feliz.
Parabéns!
sexta-feira, 23 de abril de 2010
LEEDS- LIVE IT AND LOVE IT
O Museu das Artes e o Instituto Henry Moore
Poucas serão as pessoas que se deslocarão a Leeds em turismo. Muitas conhece-la-ão pelas fábricas de lãs e lanifícios, que exportavam as suas maravilhosas produções em troca de Vinho do Porto. Ainda se lhe conhecem alguns pormenores desta tradição. Mas Leeds também já não é a cidade do Leeds United, a equipa que chegou a ganhar um campeonato europeu! Nem a cidade dos mineiros e greves do tempo do thatcherismo.

Victoria Centre, onde ficam as lojas mais chiques, como a Louis Vuitton.
Leeds é agora uma cidade universitária - segundo um amigo meu inglês, a melhor do Reino Unido - a mais progressiva deste país, com uma taxa de jovens superior a todas as outras cidades.
A população chega aos 700.000 e há gente em tudo quanto é sítio, mesmo em dias uteis: parques, cafés, lojas, bibliotecas, hoteis, etc.
Tem uma vida intensa e vêem-se pessoas de todas as nacionalidades e raças a conversar, falar, a rir: são alegres, mas contidas, super educadas; mesmo as mais novas têm sempre um sorriso, um thanks ou um sorry.... e parece que não se importariam que qualquer de nós se intrometesse e entabulasse conversa com eles. É a diferença que encontro entre estas pessoas e os portugueses....:)
O Hyde Park Corner, onde fcam muitos cafés para estudantes universitários
A minha filha viveu lá três anos, fez um ano de Erasmo e depois tirou um MA em tradução. Viveu intensamente aquela cidade e adora-a. Brilham-lhe os olhos quando pensa ou fala em regressar.
Headrow, a avenida dos museus e dos cinemas
Já fui a Leeds umas dez vezes, dantes ficava nos B&Bs na zona onde ela vivia, depois passei a ficar no Hotel Ibis que é muito central e tem preços fantásticos em épocas baixas. Aproveito sempre para ir aos museus e a sitios que na conheço e sobretudo, de viajar nos arredores, que são lindos. Todos os filmes e séries mais conhecidos - o Pride and Prejudice, por exemplo -foram filmados no Yorkshire, que é o norte da Inglaterra, antes de se chegar à Escócia.
Quem só conhece Londres e mesmo Oxford e Cambridge, não sabe o que é a Inglaterra tradicional, rural ainda, a verde Albion. Vale a pena vir mais para norte.
Aqui ficam algumas fotos da cidade....o resto ficará para outras entradas.
Poppy Day em Leeds -Monumento ao Soldado Desconhecido
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