sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O canto da floresta

Há muito que não vou a uma floresta, nem sequer a um local isolado daqueles em que o ar é puro e só cheira a eucalipto e a pinhas. Tenho saudades de passear num monte donde se disfrute uma vista magnífica sobre o mar, saudades de vegetação, de árvores fechadas sobre si, mal se descortinando os raios de sol.
Tenho saudades da quinta dos meus Pais em Albarraque, no sopé de Sintra, onde passávamos as nossas férias em criança. Havia lá um local onde os choupos(?) eram tão altos e tão próximos que não se sentia pinga de vento. O meu Avô apelidou esta álea de "alameda do pouco vento". Ficava junto dum caramanchão ( palavra que já não usava há séculos), onde havia videiras verdejantes na Primavera e vermelhas no Outono.
Na minha memória já se confunde tudo, pois o meu Pai vendeu a quinta quando eu tinha dez anos. Só me lembro de andar de burro, no Tupi, que era montado por todos nós, dos figos apanhados da érvore e comidos ali quentinhos, de tirar os pinhões e de os abrir com uma pedra, que os esmigalhava quase...e lembro-me também das redes que serviam para dormirmos as sestas no meio da mata, mal eu sabia como era privilegiada...

Não sei porque me lembrei disto agora, talvez porque hoje me deu para a nostalgia. Pintei um quadro impressionista - so to speak - com as cores quentes da floresta...