Hoje celebrou-se o baptizado do meu neto mais novo. Correu tudo bem, as fotos guardam-se em família, não gosto de divulgar aqui o que de mais íntimo acontece entre nós. Mas aconteceu que fomos almoçar ao cais de Gaia. O dia estava chuvoso, tipicamente portuense, o rio da cor de chumbo, com reflexos magníficos a as cores da cidade a sobressaírem no cinzento do céu e da pedra de granito.
Tirei algumas fotos, os habituais postais do Porto, que nunca me canso de admirar e de amar.
O Porto é uma cidade linda, digam o que disserem.
E porque almoçámos no restaurante do Rui Veloso, vai aqui um poema dele a acompanhar.
PORTO SENTIDO
Quem vem e atravessa o rio Junto à serra do Pilar vê um velho casario que se estende ate ao mar
Quem te vê ao vir da ponte és cascata, são-joanina dirigida sobre um monte no meio da neblina.
Por ruelas e calçadas da Ribeira até à Foz por pedras sujas e gastas e lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério dum rosto e cantaria que nos oculta o mistério dessa luz bela e sombria
[refrão] Ver-te assim abandonada nesse timbre pardacento nesse teu jeito fechado de quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez em cada regresso a casa rever-te nessa altivez de milhafre ferido na asa.