Passear no Botânico é um vício para mim, sobretudo no inverno , quando as árvores estão despidas e se erguem para o céu quais esqueletos negros, em busca de um pouco mais de azul. Sempre gostei de passear em parques no inverno e lembro-me de longas caminhadas no Englischer Garten, o jardim mais lindo que conheço, em Munique, com ou sem neve, temperaturas de bater o dente, céu cinzento de chumbo e nem uma folha ou flor á vista.
As árvores são mais verdadeiras assim, neste defeso, em que se preparam, nuas, para a
moda fashion da primavera. Assumem uma personalidade diferente e altaneiras ou anãs, quedam-se em silêncio, irmanadas na solidão dos parques vazios.
Hoje fui apanhar pinhas com os meus netos. Cada um levava um saco grande e tinha de o encher. Prometi oferecer um Gormitti - bonecos horrendos duma colecção pavorosa de monstros - ao primeiro que enchesse o saco. Respondeu logo o mais pequeno: "Vai ser o mano. Ele ganha tudo." Comoveu-me a sua modéstia, sensatez e constatação de factos. Não acrescentou: "Vou apanhar mais do que ele". Continuou a apanhar as suas pinhinhas e a encher devagarinho o seu saco, certo de que a Avó daria um Gormitti a cada um.
Vão aqui algumas fotos que tirei...desculpem o meu vício fotográfico e toxicodependência das árvores, da água, das plantas. O lodo na fonte parece uma renda. As camélias perfeitas.
As plantas fazem parte da minha vida cada vez mais. Mais do que as pessoas - posso estar meses sem ver algumas, mesmo da família - não dispenso a presença destes seres vivos na minha rotina diária, árvores que nascem, crescem e morrem para lá de nós.
CLIQUEM NAS FOTOS QUE VALE A PENA!