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domingo, 21 de agosto de 2011

No ninho

Os meus netos voltaram hoje ao ninho e, como sempre, estranhei o barulho, algazarra, turbulência que eles obviamente causam, ou não fossem crianças. Causa-me espanto como é que dantes, suportava tão bem o barulho em casa, eu que também tinha três e eram vivaços, como estes; em geral, aguentava-os bem, mesmo depois de dar cinco aulas consecutivas à tarde. Ou então, já me esqueci dos berros  e das dores de cabeça ao fim do dia. O que vale é que nossa memória é selectiva e muitas vezes esquecemos o que foi horrivel para só lembrar o melhor. Gostei mesmo de estar com eles, embora não conseguisse dar muita atençao aos três. O mais velho ficou a ver o futebol e jantou cá. Senti o seu afecto e calor no abraço que me deu. É o meu neto querido e que me faz mais falta quando ausente.

A vinda deles hoje foi como a trovoada, que finalmente caiu sobre a cidade, mansa, mas benéfica, pois o ar ficou mais leve, o horizonte abriu-se, o sol pálido resurgiu e as plantas do botânico ergueram osbraços em louvor ao Criador. Hoje tudo estava brilhante, luzidio, fresco ...como as minhas pinturas antes de secarem. O ribombar dos trovões nem sempre é prenúncio de catástrofe!

 Foi um Domingo sem história...mas com muita companhia.

Poderia eu viver sem netos.....? Poder, podia, mas não era mesma coisa!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Inquietude



Tenho andado um pouco depressiva....acho que é a ausência dos meus filhos - um nos EU, outra na Inglaterra, o mais novo em Lisboa....sinto-lhes a falta sempre, mas há alturas em que me parece que nada tem cor, o mundo fica a preto e branco, baço, sem sentido. Os netos são amigos, mas são pequenos seres independentes de mim e, ou vêm todos a minha casa...ou não vem nenhum, acabo por não criar uma relação profunda com eles, como desejaria. Tém uma VIda, exigente demais na minha opinião e de que não faço parte por moto próprio. Gosto muito deles, mas nunca quis substituir-me aos Pais, acho que já sacrifiquei muito pelos filhos e não tenho coragem de me sacrificar do mesmo modo pelos netos, mesmo que pague esse preço com uma relativa solidão. Levo tempo a recuperar quando o meu filho mais novo vem ao fim de semana e parte ao domingo à tarde. Ele só vem de tres em tres semanas e o tempo que estamos juntos é escasso.

Hoje fui ao Solinca health club, onde me inscrevi há duas semanas. Aproveitei tudo, ginásio, piscina, jacuzzi, sauna, etc. Saí de lá como se tivesse levado uma tareia, com dores no joelho de bicicletar e até me custou a andar até casa. Estou com sono, mas renitente em dormir a esta hora, vou aguentar-me até à noite. Dói-me o corpo todo, não sei se abusei, se esttive muitos dias sem fazer os exercícios e o corpo agora ressente-se. Não estou confortável comigo própria.

Acabei ontem de ler um livro: Histórias do Fim da Rua de Mário Zambujal . Não escreve mal, observa bem, cria personagens patuscas, revela algum sentido de humor...mas tudo espremido é uma croniqueta sem grande conteúdo, pintando uma sociedade mais que medíocre, onde não me revejo. É deprimente q.b. Como muitos livros de autores portugueses.

Ontem revi o filme O Leitor,, cujo livro já tinha lido. Que diferença"! Personagens com profundidade, com densidade psicológica, com dramas interiores, apaixonantes. Foi um filme que me deixou marcas e que ainda hoje me impressiona por se debruçar sobre o problema da culpa e da responsabilidade em tempos de guerra, aqui durante o nazismo. A actriz , Kate Winslet é colossal, confrangedora na sua sinceridade quase pueril. Ralph Fiennes, sempre o mesmo perfil, belo e generoso. Em 2008 gostei muito do filme. Li o livro e adorei a história, ficção ou não, tem muito de verídico.

Está uma tarde lindíssima, céu azul...algum vento, o barulho dos carros na minha rua...a empregada saiu há pouco e deixou tudo limpinho, é só uma vez por semana, mas sabe bem. Tenho tudo para ser feliz....

sábado, 30 de abril de 2011

solidão

O meu filho já foi há dias para Lisboa. A minha filha partiu também para Leeds. Estou de novo sozinha e sinto-me só. Acabou o diálogo simples, os sorrisos de manhã, o cheiro a café, o barulho das chaves a abrir a porta, os silêncios cúmplices, os risos em frente ao PC ( que muitas vezes não descortino porquê), a música, a troca de olhares adultos, a guitarra as 4 da manhã, as idas ao shopping, os filmes romanticos a duas, os cozinhados a meias. Gosto dos meus filhos. Nunca me passaria pela cabeça dizer-lhes que estão a mais aqui, que preciso de privacidade ou que me dão trabalho. Eles fazem parte da minha vida, ainda que cada vez mais autónomos e livres de pensamento.

Ontem fui jantar à Foz. Estava um dia cinzento, mas quando chegámos lá, deparámos com um cenário insólito. O sol tinha irrompido no meio das nuvens, vermelho, e a luz reflectia-se no mar, mais calmo que o habitual, e as rochas na maré vazia, adquiriam um tom escuro , quase negro. Subitamente acenderam-se as luzes e ficou aquele ambiente do entardecer que é lindo no Verão porque se prolonga durante muito tempo.

Hoje vou ver as exposições da Miguel Bombarda. Preciso de estar só, mas também de me distrair. Continuo com uma gripe mal curada, mas já não me incomoda a ponto de não poder passear um pouco.

Ficam aqui fotos da Foz, a nossa joia mais preciosa. O Porto sem ela não seria a mesma cidade.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

De novo só com a lareira

A minha filha partiu hoje para Leeds de madrugada e ainda sinto aquele nó na garganta, que dura uns dias até me habituar à ausência daquela presença discreta, sorridente, calma e prestável. Há anos que a minha filha é o meu braço direito aqui em casa, ela ajuda em tudo o que pode, vai buscar comida ao restaurante, tira a loiça da máquina, compra pão, arruma a cozinha, entusiasma-se com a música que eu oiço, gosta dos filmes que vemos juntas., faz compras no Chinês comigo....e aprecia todos os segundos que passamos junto ao mar. Desta vez, foram poucos os momentos em que estivémos lá, pois ela teve de escrever um trabalho de 3000 palavras sobre a expressão oral em Inglês, que lhe levou algumas horas e mesmo dias. As semanas passaram a correr e só agora realizo que acabei por estar menos com ela do que quereria.Já tenho saudades...e apetecia-me voar até Leeds no próximo avião.

Acendi a lareira e oiço os MUSE, uma das bandas que ambas amamos. Gravei-lhe um CD para ela levar, já que lá não tem Ipod.
Aproveitei o fim da tarde para desmanchar o presépio...foi tudo para a lareira, excepto as figurinhas e algumas pinhas que no ano passado o meu neto pintou de prateado com tinta acrilica.
A árvore de Natal também já só tem as luzes e vão-me fazer falta estas luzinhas a tremelicar, companhia dos momentos de insónia e passeios nocturnos pela sala.

O Natal acabou hoje...de vez. Sinto uma nostalgia enorme e um desejo de que para o ano seja tudo ainda melhor.

Deixo aqui uma música linda chamada Blackout ( é o que sinto neste momento) dos MUSE.

Don't kid yourself
And don't fool yourself.
This love's too good to last,
And I'm too old to change.

Don't grow up too fast
And don't embrace the past.
This life's too good to last,
And I'm too young to care.


(Interlude)

Don't kid yourself
And don't fool yourself.
This life could be the last
And you're too young to see.
Woah...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Fuga para as galáxias



(clicar)


Não gosto destes dias cinzentos - hoje foi excepção - que acabam às 4 horas e deixam uma indizível tristeza no ar. Acordo de manhã, sem vontade de me levantar, só apetece estar debaixo dos cobertores, sonhar e adiar o mais possível o confronto com o real. A vida é simples, a casa é boa, há aqui paz e não preciso de sair a não ser quando me apetece. Estou com uma enorme relutância em fazer coisas por obrigação, acho que atravesso um momento especialmente anti-social, sem razão. Fora os netos,não me apetece aturar mais ninguém, não me apetece ir a eventos, falar com pessoas de trivialidades.

Hoje aventurei-me pelas galáxias. Este quadro lembra-me o universo...



Galáxias, mutantes nichos
No escuro vão do universo
Que rodopiam e se harmonizam
Formando rimas e versos.

Pó de estrelas cadentes
Que raios cosmos aquecem,
Que o gelo torna dormente
E gases mil arrefecem.

Galáxias, vida e poeira
Da estrada plena e divina,
Trovas soltas na ladeira,
Poema que a Deus fascina.

Galáxias, nicho da gente,
Fonte vital, pura, híbrida,
Onde o verbo inteligente
Escreve diferentes vidas.


(in Overmundo)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Good bye- see you soon



De novo em viagem, desta feita para Inglaterra, sweet old England.
Vou levar a minha filha que vai lá ficar dois anos a tirar uma MA TESOL. Já lá esteve três anos de 2002 a 2005, volta de novo à sua cidade adoptiva.
O meu filho vai hoje para Lisboa para frequentar o curso do CEJ, no qual entrou with flying colours. Vai para a metrópole, a capital, que é a minha cidade natal. Já sinto um nó na garganta....depois de anos em que eles estiveram aqui presentes, embora vivendo as suas vidas.
Vou enfrentar a solidão a um, desta vez. Olhar para mim mesma e interrogar-me sobre o que quero fazer por e de mim, já que por eles faço tudo e até demais. A minha vida vai dar uma volta de 180º mais uma vez. Tenho de a gerir com bom senso e beleza. Para que os anos que me restam sejam ricos humana e culturalmente.É uma nova etapa que começa no dia 21 com o equinócio.

E last but not least: há os netos, que estão a crescer de dia para dia e que se vão afastando um pouco de nós, dada a vida tão cheia de actividades da escola, musicais, tempos livres, etc. que os ocupam todos os dias. Há que dedicar-lhes momentos belos. Momentos únicos, como os que passei muitas vezes com os meus avós em Lisboa, em Sintra, no Estoril.

Vou voltar a pintar....e continuar a fotografar...a meditar....e a VIVER.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Árvores, não choreis, olhai e vêde...( Florbela Espanca)


Passear no Botânico é um vício para mim, sobretudo no inverno , quando as árvores estão despidas e se erguem para o céu quais esqueletos negros, em busca de um pouco mais de azul. Sempre gostei de passear em parques no inverno e lembro-me de longas caminhadas no Englischer Garten, o jardim mais lindo que conheço, em Munique, com ou sem neve, temperaturas de bater o dente, céu cinzento de chumbo e nem uma folha ou flor á vista.
As árvores são mais verdadeiras assim, neste defeso, em que se preparam, nuas, para a moda fashion da primavera. Assumem uma personalidade diferente e altaneiras ou anãs, quedam-se em silêncio, irmanadas na solidão dos parques vazios.
Hoje fui apanhar pinhas com os meus netos. Cada um levava um saco grande e tinha de o encher. Prometi oferecer um Gormitti - bonecos horrendos duma colecção pavorosa de monstros - ao primeiro que enchesse o saco. Respondeu logo o mais pequeno: "Vai ser o mano. Ele ganha tudo." Comoveu-me a sua modéstia, sensatez e constatação de factos. Não acrescentou: "Vou apanhar mais do que ele". Continuou a apanhar as suas pinhinhas e a encher devagarinho o seu saco, certo de que a Avó daria um Gormitti a cada um.
Vão aqui algumas fotos que tirei...desculpem o meu vício fotográfico e toxicodependência das árvores, da água, das plantas. O lodo na fonte parece uma renda. As camélias perfeitas.
As plantas fazem parte da minha vida cada vez mais. Mais do que as pessoas - posso estar meses sem ver algumas, mesmo da família - não dispenso a presença destes seres vivos na minha rotina diária, árvores que nascem, crescem e morrem para lá de nós.



CLIQUEM NAS FOTOS QUE VALE A PENA!