segunda-feira, 22 de março de 2010

Underwater

Apesar de ontem ser o primeiro dia de Primavera e de estar um dia glorioso, quente e sem nuvens, deu-me para ficar em casa toda a tarde. Tinha vontade de fazer bolos - fiz uma tarte de leite condensado que os meus filhos adoram - de estar sossegada a ler as cartas de Van Gogh a seu irmão, olhar para as suas telas todas tão apelativas e sensuais. Estive sozinha umas três horas.
Subitamente deu-me vontade de pintar. Fui buscar uma tela grande, pu-la em cima da mesa da cozinha e cobri-a de verde misturado com azul, em degradés mais escuros , mais claros. Foi assim que começou. Depois usei vermelho vivo misturado com amarelo e rosa, de modo a obter uma cor viva salmão e derramei por cima do verde que já tinha secado, com uma palhinha expeli tinta para mais longe de modo a formar desenhos exoticos e com dois pinceis fiz umas algas fininhas e transparentes que se atravessavam pelo mar adentro. Mais tarde acrescentei mais uma mistura, desta feita com amarelo e ocre, de modo a ficar espesso e derramei no canto, formando pingas que salpiquei pelo quadro todo, como tinha feito com o vermelho. Com os pinceis, desenhei formas leves e dansantes, que se espalharam pela tela até cima. Usando tinta esbranquiçada, ainda fiz umas penugens leves, daquelas que se vêem nas fotos do fundo do mar.

O resultado foi este.


Sempre sonhei em mergulhar com garrafas na Praia da Luz e nunca consegui fazê-lo. Limito-me a nadar com óculos e tubinho não muito longe da costa. Nunca vi o fundo do mar como queria. Esta pintura não passa de "wishful thinking".