domingo, 17 de julho de 2011
Paz e calmaria
4 da tarde.
Sentada na sala, só oiço o tique taque do relógio da cozinha, os chutos das crianças numa bola lá longe, o vento a assobiar pelas frestas das janelas. Corri as cortinas brancas da sala, só vejo a boganvília repleta de flores roxas e parece que estamos no céu; passam-me pela cabeça tantos e tantos momentos bons e maus, que aqui se aconteceram. É o filme da minha vida, dos meus verdes anos, dos anos mais dificeis, dos mais gratificantes, dos mais ricos e também dos mais traumatizantes...
Lembro-me de repente desta casa cheia quando o meu Pai resolveu alugar uma TV para vermos os jogos Olímpicos de 1972 (?)...os vizinhos vinham para cá ver as provas mais excitantes, depois ia-se jogar volei no campo do vizinho, que tinha uma rede e muita paciência para aturar o barulho que o despique despoletava, e por fim, tomar banho às 8 da noite, quando já suados, nem sentíamos o frio da água...éramos tão jovens e não havia grande preocupação com o futuro...eu já tinha acabado o meu estágio, no ano seguinte tinha lugar certo no M. Amália, o meu liceu, adorava Lisboa, ensinar inglês e alemão...e nem sabia que um ano depois estaria casada, viria o 25 de Abril...partiria para o nowhere atrás do marido...para acabar no Porto.
Também me lembro de festejar aqui os anos dos meus filhos em Agosto por diversas vezes, com família e amigos, aqui no pátio. Acabavam as festas em cantorias à guitarra e sangria da boa com amigos estrangeiros a aproveitar o nosso sol e a hospitalidade.
Hoje tomei um banho sozinha lá em baixo, com a água bastante fria - 20º, segundo diz o jornal - e uma temperatura de 24º cá fora. Não é brilhante, mas é das coisas que mais gosto, mergulhar na água gelada e sentir o corpo a reagir...e passado um pouco, um calor que me invade toda num bem estar revigorante, nadar por entre as rochas que circundam a prainha, uma pequena baía quase privativa, excelente para que não quiser andar até à praia grande, onde se apanha demasiado sol e muita gente.
A minha fiha já foi para a praia grande depois de almoço, com o seu Ipod e livro...encontrámos um casal amigo e conversámos, mas ela não precisa de companhia e eu tb gosto de estar sozinha...sobretudo neste silêncio, neste santuário, onde estão tantas relíquias e sonhos da minha famíla. Lá fora está azul e sol, mas aqui há silencio absoluto...