Falei muito dela quando estive a passar férias no Algarve há tres semanas.
Só conhecia a Calheta da Madeira que é muito bonita, cheia de casinhas espalhadas em torno duma baía azul.
Esta calheta já é minha desde os 20 anos e foi lá que passei alguns dos momentos mais felizes da minha vida, como jovem com os amigos e irmãos, sozinha ou acompanhada, sentada ou deitada naquelas rochas, olhando para o mar límpido até perder de vista...e abraçando o sol quente depois dum banho frio mas regenerador.
É um local mágico na minha vida, que ainda não pintara...
No início era uma praia pequenina e efémera, tão depressa existia como desaparecia na maré cheia, transformando-se numa piscina de água salgada, que permitia saltos a sério, que nós não dispensávamos e que nos permitiam minutos de glória. Houve até quem desse o meu nome a uma rocha, de cuja ponta eu me atirava de cabeça nos meus belos tempos.
Noutros anos, estendia-se quase até à ponta da fortaleza, com areia e pé até bem longe, permitindo às crianças brincadeiras sem igual.
O meu neto que já é do seculo XXI, só dizia este ano: Vovo , e se houvesse um tsunami? De que altura é que seria? O Pai disse-lhe:" olha era da altura da fortaleza! " Ele olhou para cima pouco convencido....e ainda bem, os pesadelos só devem acontecer nos livros ou nos jornais, nunca a nós próprios.
A prainha é o meu sonho quando me sinto presa nesta cidade...fecho os olhos e lá estou eu andando por aquelas rochas, procurando caranguejos nas pocinhas, tentando despegar as lapas agarradas às rochas, contemplando a costa que se desdobra em calhetas maiores e mais pequenas, todas elas lindíssimas e cheias de pedras redondas multicolores...
Em tempos tínhamos um barquinho de borracha e eu adorava remar nos dias sem vento rente à costa....tudo isso acabou, já não tenho forças para carregar o barco para a prainha e depois subir para o dito e remar, mas a saudade fica e também fica a certeza de que durante muitos e muitos anos, as crianças e jovens da minha família verão neste espaço aqui retratado, um sinal , uma saudade, um desejo, uma nostalgia e uma certeza inexorável:....as pessoas vão...mas as pedras ficam.
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quinta-feira, 25 de agosto de 2011
sábado, 23 de julho de 2011
Férias III
Hoje estou um pouco desanimada, não sei porquê, creio que é puro cansaço. Já não tenho idade para tanta aventura e a água gelada - 18º - dá-me cabo dos ossos, daí, sentir permanente dor nas articulações. Parece que cada dia a água arrefece mais, os ingleses estão todos alapardados na areia e nas rochas, comentando que a água aqui é quase tão fria como nas terras de Sua Majestade.
Os meus netos felizmente, aguentam-se bem, o mais pequenito parece impermeável ao frio...hoje só dizia : mamma mia, que este frigorífico é frio:))), mas mergulhava milhentas vezes e saía com a mesma cara de riso, feliz e contente. É um miudo muito pandego, mesmo engraçado, mas cansativo, porque nunca se cala, parece que lhe pagaram para matar o silêncio. Até o irmão se enerva com ele, embora o espicace para o fazer falar e levar um ralhete. Hoje comprei uns óculos e tubo para o mais velho - já tinha prometido - pois ele já consegue manejar as duas coisas e ver o que se passa lá em baixo, como eu. O problema é a água gelada, não se aguenta muito tempo a fazer snorkelling....a testa começa a doer e temos de sair.
O vento é quente e o sol fortíssimo, neste momento estou a escrever no jardim e os meus pés estão a queixar-se e em risco de virar torresmos....
O meu filho deve estar a chegar de Munique - foi ida e volta, de modo que dispensei a sesta habitual, só os meninos dormem que nem anjos, depois do banho gelado da manhã....é agradável ter silêncio, mas ao mesmo tempo, hoje sinto que já parte da família vai embora amanhã e ficarei só com tres...é a vida, não podemos estar sempre juntos e nem seria bom, pois há sempre o cansaço inerente.
Os homens pouco fazem cá em casa, são as mulheres - a minha filha e eu - que dão conta da lide caseira, compras, inclusivé...eles estão estafados do trabalho deste ano, de que ainda não s desligaram sequer.
Tenho saudades de pintar, mas as tintas acabaram por ficar em casa do meu filho e só tenho aqui os pincéis e as telas...acho que vou comprar umas aguarelas e finalmente dedicar-me a essa técnica....
A vida é bela...e as férias ainda vão a meio.
domingo, 17 de julho de 2011
Paz e calmaria
4 da tarde.
Sentada na sala, só oiço o tique taque do relógio da cozinha, os chutos das crianças numa bola lá longe, o vento a assobiar pelas frestas das janelas. Corri as cortinas brancas da sala, só vejo a boganvília repleta de flores roxas e parece que estamos no céu; passam-me pela cabeça
Lembro-me de repente desta casa cheia quando o meu Pai resolveu alugar uma TV para vermos os jogos Olímpicos de 1972 (?)...os vizinhos vinham para cá ver as provas mais excitantes, depois ia-se jogar volei no campo do vizinho, que tinha uma rede e muita paciência para aturar o barulho que o despique despoletava, e por fim, tomar banho às 8 da noite, quando já suados, nem sentíamos o frio da água...éramos tão jovens e não havia grande preocupação com o futuro...eu já tinha acabado o meu estágio, no ano seguinte tinha lugar certo no M. Amália, o meu liceu, adorava Lisboa, ensinar inglês e alemão...e nem sabia que um ano depois estaria casada, viria o 25 de Abril...partiria para o nowhere atrás do marido...para acabar no Porto.
Também me lembro de festejar aqui os anos dos meus filhos em Agosto por diversas vezes, com família e amigos, aqui no pátio. Acabavam as festas em cantorias à guitarra e sangria da boa com amigos estrangeiros a aproveitar o nosso sol e a hospitalidade.
Hoje tomei um banho sozinha lá em baixo, com a água bastante fria - 20º, segundo diz o jornal - e uma temperatura de 24º cá fora.
A minha fiha já foi para a praia grande depois de almoço, com o seu Ipod e livro...encontrámos um casal amigo e conversámos, mas ela não precisa de companhia e eu tb gosto de estar sozinha...sobretudo neste silêncio, neste santuário, onde estão tantas relíquias e sonhos da minha famíla. Lá fora está azul e sol, mas aqui há silencio absoluto...
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Mulher na água - Cutileiro
Há muitas estátuas de Cutileiro de que não gosto, como por exemplo, a de D. Sebastião, plantado no largo em Lagos. Penso que as melhores esculturas dele são as de mulheres, com formas generosas e muito sensuais.
No health club Solinca têm uma à entrada para a piscina que me encanta. Uma mulher nua semi oculta pela água, com longos cabelos e uma cabeça grande.
Ontem resolvi tirar umas fotos e ficaram bonitas.

Fica aqui um poema de Rabindranath Tagore que se coaduna com esta escultura.
A Mulher Inspiradora
Mulher, não és só obra de Deus;
os homens vão-te criando eternamente
com a formosura dos seus corações,
e os seus anseios
vestiram de glória a tua juventude.
Por ti o poeta vai tecendo
a sua imaginária tela de oiro:
o pintor dá às tuas formas,
dia após dia,
nova imortalidade.
Para te adornar, para te vestir,
para tornar-te mais preciosa,
o mar traz as suas pérolas,
a terra o seu oiro,
sua flor os jardins do Verão.
Mulher, és meio mulher,
meio sonho.
Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões
No health club Solinca têm uma à entrada para a piscina que me encanta. Uma mulher nua semi oculta pela água, com longos cabelos e uma cabeça grande.
Ontem resolvi tirar umas fotos e ficaram bonitas.
Fica aqui um poema de Rabindranath Tagore que se coaduna com esta escultura.
A Mulher Inspiradora
Mulher, não és só obra de Deus;
os homens vão-te criando eternamente
com a formosura dos seus corações,
e os seus anseios
vestiram de glória a tua juventude.
Por ti o poeta vai tecendo
a sua imaginária tela de oiro:
o pintor dá às tuas formas,
dia após dia,
nova imortalidade.
Para te adornar, para te vestir,
para tornar-te mais preciosa,
o mar traz as suas pérolas,
a terra o seu oiro,
sua flor os jardins do Verão.
Mulher, és meio mulher,
meio sonho.
Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões
sábado, 26 de março de 2011
Dá Deus nozes

Frequento já há uns quatro anos a piscina do Hotel Ipanema Park, que fica aqui perto de minha casa - uns dez minutos a pé - e oferece preços acessíveis para utilização do ginásio e piscina. Até agora a piscina era frequentada pelos utentes do hotel e também por inúmeros sócios que vinham de fora e aí passavam algumas horas. Nunca houve aulas de espécie nenhuma, nem sessões de ioga ou outra actividade, não há personal trainers, cada um vai à hora que quer, sábado e domingo incluídos e usufrui do sauna, chuveiros, piscina, ginásio, balneários como quer e lhe apetece. Inclusive deixam as crianças até aos dez anos entrar sem pagar nada e eu levei o meu neto durante um ano e ensinei-o a nadar, embora ele não tivesse pé em lugar nenhum.
Para mim isto era o paraíso ....e ainda o é.

Há um mês , a água que costumava estar à temperatura de 30º baixou drasticamente para 26º. Houve logo uma pequena revolução, muitos sócios desistiram das suas mensalidades, outros pediram-nas de volta. Queixámo-nos também na recepção e directamente à entidade que regula a parte em questão, mas foi-me dito pessoalmente que, por ordem do Ministério da Saúde, a água das piscinas interiores não pode exceder os 27º. Isso, porém não acontece noutras aqui da zona, como a Solinca no Hotel Porto Palácio, a não ser que a Sonae pague multa para poder gozar dessa mordomia.

Nos primeiros dias nem fui à piscina, mas sentia-me frustrada depois de fazer os exercícios no ginásio e precisava de relaxar na água, nadando e praticando hidroginástica à minha maneira. Resolvi então, teimar e continuar a ir, mesmo com a água mais fria. Rapidamente me habituei à temperatura menos quente,

Maravilha, sinto-me bem quando saio daquela sessão de quase 3 horas. Enquanto estou, ali oiço música da minha, penso, descanso do barulho de vozes, sinto-me privilegiada num hotel de cinco estrelas - cujo lobby tb está à disposição - e aproveito bem o que me resta da minha vida. Se lá tivesse um pequeno atelier de pintura, era oiro sobre azul:)))
sábado, 4 de dezembro de 2010
O mar...de novo
sábado, 5 de junho de 2010
DIA MUNDIAL DO AMBIENTE
Quando pensamos em ambiente, vem-nos à mente uma multiplicidade de imagens, de recordações, de afectos, de intenções, de desejos e até de remorsos ou frustrações.
O que é o ambiente para nós?
Confunde-se com o ar que respiramos, com a natureza que nos rodeia,com o bem estar e a beleza,com os odores, as cores, a evolução das espécies, a sobrevivência e a eterna maravilha que é estar vivo e ter saúde.
AMBIENTE é isso tudo...mas, mais importante, é ainda o FUTURO, que queremos preservar para os nosso netos e bisnetos.

Já disse aqui que não conseguiria viver num local sujo, desfalcado de árvores, sem vista para o céu, para um jardim ou para o mar, sem horizontes, ou assinalado por vandalismos, barulhento e poluído.


Procuro deixar aos meus netos uma imagem construtiva do mundo, plena de amor ao que nos rodeia e verdadeira paixão pelo que é realmente belo. Este blogue é disso exemplo, embora eles não o leiam ainda.
As fotos foram tiradas por mim em Serralves, na Ramada Alta, na Foz e em Leeds; as colagens feitas a partir de fotos do Jardim Botanico e da Praia da Luz.. Cliquem nelas!, para verem a beleza da natureza.
Vai aqui também uma canção que fez a alegria dos meus netos, quando viram o Lion King em NY e que expressa bem o lugar que cada um de nós ocupa no Circulo da Vida e o nosso papel no Universo.
Vai tb a tradução em português ( web)
Desde o dia que chegamos ao planeta
E abrimos nossos olhos para o sol
Há mais a ser visto além do que já vimos
E mais a fazer do que já foi feito
Alguns dizem "devore ou seja devorado"
Outros dizem "viva e deixe viver"
Mas todos concordam juntos
Você nunca deve tirar mais do que dá
No ciclo da vida
Esta é a roda da fortuna
Este é o salto da fé
Esta é a faixa de esperança
Até encontrarmos nosso lugar
Nos caminhos que se desenrolam
No ciclo, no ciclo da vida
Alguns de nós caem pela estrada
Enquanto outros alcançam as estrelas
Alguns de nós navegam acima dos problemas
Enquanto outros tem que viver com as cicatrizes
Há muito para se conseguir aqui
Mais para se encontrar do que o que já foi encontrado
Mas o sol se move alto no céu azul safira
E mantêm-se, ora grande, ora pequeno, neste ciclo sem fim
No ciclo da vida
Esta é a roda da fortuna
Este é o salto da fé
Esta é a faixa de esperança
Até encontrarmos nosso lugar
Nos caminhos que se desenrolam
Neste ciclo, no ciclo da vida
domingo, 23 de agosto de 2009
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Tempo de calor...e arte


Em Boston estavam 35º e é comum haver dias muito abafados, tipo trovoada.
Em frente ao Science Center em Harvard, puseram uma fonte que é esteticamente das coisas mais lindas que tenho visto no género. Quando o sol dá na água formam-se arcos iris pequeninos e as pedras tomam cores espectaculares.
Esta foto poderia ser uma pintura. Se clicarem nela vêem como irradia frescura.
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