quarta-feira, 27 de julho de 2011

Tempo de estio


Finalmente chegou o calor a sério...as rochas escaldam, a água está morna, o ar é quente e quase abafante. Nada como estar na água nestes dias assim. É repousante, é lindo, é libertador.
Uma vez perguntei a uma amiga que já faleceu em que estilo gostava mais de nadar - ela nadava bem - e respondeu-me candidamente: Boiar. Como a compreendo. Olhar o céu, flutuando no cimo da água, deixar-se levar pela corrente ou pelas ondinhas, é um prazer enorme.
A prainha está cheia de miudos loiros, tipo nórdico e hoje estive a observá-los. Falam baixo, brincam com muito juizo, sem discussões, nem choros. Constroem coisa giras, castelos, carros, fossos por onde entra a água. Divertem-se no melhor sítio do mundo para o fazer.
A praia é um espaço imenso, o único lugar do mundo onde se pode fazer tudo o que se quer, desde que não se moleste outros. Ninguém se preocupa ao ver-me de óculos e tubo a ver os peixes nas rochas, a minha filha e o sobrinho a jogarem ping-pong na água, usando duas pranchas coladas, a minha vizinha com 71 anos a dar braçadas - 150 - freneticamente ao fim da tarde, todos sorriem ao ver um pai desvelado a dar banho à sua filhinha de meses, com touquinha e braçadeiras...há parzinhos que se sentam as cavalitas e mergulham, miudos com seringas gigantes a metralhar os outros com água, um homem com um lenço enrolado na cabeça, sentado numa cadeira, quase fauteil, a mandar vir com o filho por causa duns calções comprados no Corte Inglês, uma senhora a falar ao telemóvel ininterruptamente como se estivesse no escritório e eu a observar tudo isto deliciada...é melhor que um filme, é a vida real e é bom enquanto durar...

Ontem passei pela Igreja da Luz, tão falada na altura em que desapareceu a Maddie. Estava aberta, iluminada, pareceu-me um local místico...há coisas muito bonitas em Portugal.