quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A calheta....ou praínha....


Falei muito dela quando estive a passar férias no Algarve há tres semanas. Esta calheta já é minha desde os 20 anos e foi lá que passei alguns dos momentos mais felizes da minha vida, na juventude com os amigos e irmãos, sozinha ou acompanhada, sentada ou deitada naquelas rochas,  olhando  o mar límpido até perder de vista...e abraçando o sol quente depois dum banho frio mas regenerador.

É um local mágico   na minha vida, que ainda não pintara...

 No início era uma praia pequenina e efémera, tão depressa existia como desaparecia na maré cheia, transformando-se, então, numa piscina de água salgada, que permitia  saltos a sério, que nós não dispensávamos e que nos grangeavam minutos de glória. Houve até quem desse o meu nome a uma rocha, de cuja ponta eu me atirava de cabeça (?) nos meus belos tempos. Noutros anos, estendia-se quase até à ponta da fortaleza, com areia e pé até bem longe, permitindo às crianças brincadeiras sem igual.

O meu neto que já é do seculo XXI,  dizia este ano: Vovó , e se houvesse um tsunami? De que altura é que seria? O Pai disse-lhe:" olha era da altura da fortaleza! " Ele olhou para cima pouco convencido....e ainda bem, os pesadelos só devem acontecer nos livros ou nos jornais, muito longe....nunca nos locais que nós amamos.

 A prainha é o meu sonho acordada quando me sinto presa nesta cidade...fecho os olhos e lá estou eu andando por aquelas rochas, procurando caranguejos nas pocinhas, tentando despegar as lapas agarradas às pedras rugosas, contemplando a costa que se desdobra em calhetas maiores e mais pequenas, todas elas lindíssimas e cheias de pedras redondas multicolores...
Em tempos tínhamos um barquinho de borracha e eu adorava remar nos dias sem vento rente à costa....tudo isso acabou, já não tenho forças para carregar o barco para a prainha e depois subir para o dito e remar, mas a saudade fica e também fica a certeza de que durante muitos e muitos anos, as crianças e jovens e velhos da minha família verão neste espaço aqui retratado, um sinal , uma memória, uma saudade, um desejo, uma nostalgia e uma certeza inexorável:....as pessoas vão...  mas as pedras ficam.

Um vídeo feito em Junho...que deveria nunca acabar...