Hoje estou em maré de evasão...em casa.
Já fiz tudo o que havia para fazer desde lavar roupa, pendurá-la, lavar a banca da cozinha, por as máquinas da loiça e roupa a funcionar, arrumar roupa, varrer o chão e até pintar um quadrinho.
Pelo meio andei a ver viagens a Paris na Internet, mas é tudo caríssimo e não me apetece gastar uma fortuna para ir a uma cidade turistica em Agosto, vou deixar para mais tarde, talvez Setembro.
Os meus netos vão amanhã embora e sei que vou sentir a falta deles, mas não quero despedir-me, detesto dizer adeus, disse demasiados adeuses na minha vida, deixaram marcas profundas... porque de cada vez que os digo, vai-se um pouco da minha alegria, fica o nó na garganta e este leva tempo a desatar.
Sinto a angústia dos meses de Verão...aquelas tardes enormes, que são maravilhosas junto à praia, mas na cidade às vezes longas demais. Da minha varanda só vejo verde, árvores frondosas, cheias de folhas, lindas e viçosas, contra um céu azul bem português...o postal ilustrado que nos revela. Hoje até se ouvem os sinos do Lordelo, sinal de que não há ruído de carros no campo alegre. Parece que estamos mesmo no campo...
E porquê este desejo de evasão, que um amigo meu dizia que era "marca indelével da minha personalidade"?!
Não sei. Amanhã será um novo dia.
AZUIS
Há mares azuis
por dentro das tardes quentes:
e, no fundo,
passe o vento que passar,
não pára a vida de ser
praia doce onde ancorar...
por dentro das tardes quentes
há azuis onde poisar.
Luso-Poemas