terça-feira, 8 de maio de 2012

6 da manhã

Já ando por aqui há uma hora. Inquietação, insónia, dores de alma e do corpo...não tenho sono...só dormi três horas...mas parece que chegou.Lá fora, nevoeiro cerrado ou chuva nem se percebe bem, só se vêem os contornos das árvores e o céu está negro. Daqui parece a Amazónia tropical:).
Os passarinhos chilreiam apesar do tempo agreste e triste. Felizmente há chilreios, mesmo na madrugada mais escura.

Passam carros de quando em vez fazendo travagens bruscas junto aos semáforos. Maldita pressa...porque será que mesmo quando não têm pressa, os portugueses não conseguem esperar num semáforo, numa fila do talho ou do supermercado?
Por vezes via-as na Ramada Alta a discutir pela sua vez na padaria ou confeitaria para depois irem conversar durante horas no café da esquina ou na farmácia. Povinho mais triste. Nasce cansado, vive sem chama, trabalha sem alma.



É nestes dias que tenho pena de não morar perto do mar. Vestia um fato de treino e um casacão e ia passear para a praia, inebriar-me com o cheiro da maresia, sentar-me a tomar um café mal abrissem e depois talvez dormisse melhor toda a manhã.


Os próprios ateliers são uma memória agradável, mas já não seria capaz de estar duas horas a pintar, rodeada de pessoas, por muito simpáticas que fossem, nem de conversar sobre assuntos banais durante horas. Canso-me facilmente do que não me atrai. Prefiro o meu cantinho aqui no silêncio das árvores e das gaivotas. Só vejo coisas belas. Não vejo pessoas. Eu sei. Hoje estou em dia não. Saudades, ânsia, falta da minha filha, desejo de a abraçar e partir.