quarta-feira, 9 de maio de 2012

The day after

Ontem foi um dia horrível, choveu toda a tarde, olhava pela janela e só via as árvores a torcerem-se com o vento, a chuva intensa, o céu cinzento.
Falei com a minha filha e ela estava muito ausente, o que me deixou mesmo deprimida.
Puz-me a ver um filme que tinha gravado e a meio reparei que já o tinha visto...comecei um quadro a pastel e ficou péssimo, cheguei à conclusão de que tinha desaprendido tudo.
Deitei-me desiludida com a vida e sem querer acordar no dia seguinte.

Hoje tudo mudou. Acordei cedo, fui ao Froiz encomendar as compras, que eles trazem a casa no mesmo dia ( já trouxeram), enchi o frigorífico de coisas boas.
Telefonei para Leeds e a enfermeira deu-me notícias, tratando-me com uma ternura e interesse que me comoveram. É excepcional a maneira como estes profissionais lidam com o dia a dia e são capazes de falar connosco sem a mínima impaciência, com desejo de confortar, preocupadas...não há palavras para descrever o que senti. Depois falei com a minha filha e ela parecia outra, era a minha, a que eu conheço, a que lê desalmadamente, que gosta de tudo o que lhe dão, enfim...


Resolvi então experimentar de novo o pastel. Sou muito teimosa e não desisto ao primeiro desaire. Não ficou nada de especial, demasiadas árvores - era o que eu via da janela do atelier - muito verde ( a cor da esperança), mas algum movimento e algo que me atrai.
Enamorei-me de novo do pastel de óleo. A maneira como as cores se misturam e a infinidade de cores possíveis tornam-no apetecível. Vou pintar mais em breve.

Ha sempre esperança no dia seguinte.