sexta-feira, 11 de maio de 2012

O Monte dos Vendavais - II

São cinco da manhã e estou a ler o romance online há horas, sem conseguir parar...

Esta é a história da paixão quase telúrica e visceral- entre Heathcliff - que vi representado por Lawrence Olivier pela primeira vez - e Catherine Earnshaw, amigos inseparáveis na sua infância e adolescência e eternos apaixonados.
É a história da impossibilidade duma relação pacífica entre ambos. É a história  de duas vidas que se desenrolam inevitavelmente em direcção a um fim funesto e angustiante. Não conseguimos deixar de os amar e de sofrer com eles...



Heathcliff sempre me fascinou. É a imagem da criança inocente, abusada fisicamente e que, mais tarde, só quer vingança sobre aqueles que tal fizeram. Esta vingança vai custar-lhe a morte da sua amada, frágil e dividida, e torturá-lo até ao fim dos seus dias.

Do blogue Virtualia:

Heathcliff, a personagem central masculina, é o próprio anti-herói, movido pelo amor que tem por Catherine e pelo desejo de vingança aos que o humilharam pela vida e contribuíram para a perda física deste amor. No seu mundo não há limites para a crueldade, ele usa a tortura física e mental para destruir todos que se lhe puseram à frente. Nada o detém, a não ser o seu amor incondicional por Catherine, amor que vence a morte e o tempo, mas que também é responsável por sua degradação moral, loucura e morte física. Heathcliff é uma das personagens mais inquietantes da literatura universal. Desperta ódio e paixão entre os leitores, é a própria essência bruta de todos os sentimentos.

O diálogo é dum realismo desarmante, palavras e actos são todos calculados, sabemos de antemão as intenções de cada um. É um estudo fascinante da psicologia humana, que não está longe, mesmo a 200 anos de distância, das novelas de hoje com as suas histórias de traições e vinganças destruidoras.

É impressionante como as Brontés, autoras fechadas num ghetto, a sua casa no moors, conseguiram captar as profundezas da alma humana, percepcionar a paleta de sentimentos que pode existir entre seres, o amor e o ódio que se degladiam com um ímpeto quase demoníaco e descrever tudo isto em romances fascinantes que nos atraem e repudiam simultaneamente.

Já amanheceu, os passarinhos chilreavam há pouco, mas já se calaram.

Fico por aqui. Tenho de dormir...se conseguir....já há muito que não lia clássicos...e tantos li na universidade e depois que me apaixonaram: Dostoiewsky, Victor Hugo, Goethe, Margareth Mitchell, Faulkner, Stendhal, Graham Greene, Jorge Amado, sei lá...horas e horas de prazer e estudo...bem empregado o tempo que passei na sua companhia. Como é que é possível não se ler?