
Enquanto que no romance Jane Eyre, também um dos meus favoritos, há redenção no final, neste não existe uma gota de compaixão, perdão ou amor, nem mesmo nos olhares que se cruzam entre Heathcliff e Cathy, os dois jovens enamorados. Não há sequer um beijo entre os dois, a não ser quando ela morre nos seus braços.

Fechadas as luzes, foi silêncio total...só se ouvia o vento, a chuva, os ramos contra os vidros das janelas, os cães, os cavalos, as águias e vozes esparsas, o tremeluzir das velas... e diante dos nossos olhos a paisagem imensa, linda mas desesperada...

Um filme minimalista onde a Natureza desempenha um papel mais importante do que as pessoas, cenicamente uma maravilha, tal qual eu imagino e conheço o "meu" Yorkshire, um dos lugares sagrados para mim por muitas razões e empatia quase irracional.
Um dos primeiros quadros que fiz sozinha foi este que coloquei aqui abaixo.
Não diz nada à maioria das pessoas, fi-lo para a minha filha e tenho-o aqui na minha sala. Chamei-lhe Moors em 2009.
É impressionante como, sem ter visto nenhuma fotografia na altura e tendo-o pintado de memória, a paisagem me parece hoje decalcada daquela que aparece neste drama e nele desempenha um papel tão fulcral.
Há pouco falei com a minha filha ao telefone. Ela viu o filme há meses em Leeds, lembrava-se de tudo, disse-me o nome dos actores e realizador, comentou comigo o facto de Heathcliff ser negro em vez de cigano, como é no livro, conversámos sobre a minha paixão por este romance e a dela por Jane Eyre, rimos e ela concluiu: "Oh Mãezinha, que bom que é falar consigo! "
Quem me dera ter visto o filme com ela. Quem me dera tanta coisa....