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domingo, 10 de abril de 2011

Tarde na Foz


Ontem fui de novo à Foz com a minha filha , que voltara na véspera de Leeds. Foi bom revê-la, sempre sorridente, calma, com saudades do mar, do seu quartinho e de estar comigo. Vou-me habituar a ter companhia outra vez e a sentir que somos uma família, o que me dá um enorme prazer espiritual.

Na Foz estava calor, mas a pouco e pouco as nuvens adensaram-se e o sol desapareceu, a ameaçar chuva. Gosto do mar cinzento, contrastando com a espuma muito branca e a areia bem mais clara. Havia pessoas em bikini, parzinhos a namorar, senhoras com a pele cor de rosbife, cranças a tomar banho numa água gelada. Felizes que não têm artroses e aguentam bem a temperatura inóspita. O café estava meio cheio, sem música, de modo que ali estive a ler uma revista e a ouvir o mar com a sua melopeia repetitiva que acalma e até embala.

Quando cheguei a casa li o depoimento que o meu irmão escreveu sobre a nossa palmeira da Luz e fiquei cheia de nostalgia a pensar nos meus Avós e Pais, nos momentos que passámos juntos naquela praia, nas memórias que deles tenho e das saudades que partilho com os meus irmãos. É mesmo o Círculo da Vida, que aqui deixo numa das mais belas canções do musical Lion King, que vi com os meus netos em NY.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

De novo só com a lareira

A minha filha partiu hoje para Leeds de madrugada e ainda sinto aquele nó na garganta, que dura uns dias até me habituar à ausência daquela presença discreta, sorridente, calma e prestável. Há anos que a minha filha é o meu braço direito aqui em casa, ela ajuda em tudo o que pode, vai buscar comida ao restaurante, tira a loiça da máquina, compra pão, arruma a cozinha, entusiasma-se com a música que eu oiço, gosta dos filmes que vemos juntas., faz compras no Chinês comigo....e aprecia todos os segundos que passamos junto ao mar. Desta vez, foram poucos os momentos em que estivémos lá, pois ela teve de escrever um trabalho de 3000 palavras sobre a expressão oral em Inglês, que lhe levou algumas horas e mesmo dias. As semanas passaram a correr e só agora realizo que acabei por estar menos com ela do que quereria.Já tenho saudades...e apetecia-me voar até Leeds no próximo avião.

Acendi a lareira e oiço os MUSE, uma das bandas que ambas amamos. Gravei-lhe um CD para ela levar, já que lá não tem Ipod.
Aproveitei o fim da tarde para desmanchar o presépio...foi tudo para a lareira, excepto as figurinhas e algumas pinhas que no ano passado o meu neto pintou de prateado com tinta acrilica.
A árvore de Natal também já só tem as luzes e vão-me fazer falta estas luzinhas a tremelicar, companhia dos momentos de insónia e passeios nocturnos pela sala.

O Natal acabou hoje...de vez. Sinto uma nostalgia enorme e um desejo de que para o ano seja tudo ainda melhor.

Deixo aqui uma música linda chamada Blackout ( é o que sinto neste momento) dos MUSE.

Don't kid yourself
And don't fool yourself.
This love's too good to last,
And I'm too old to change.

Don't grow up too fast
And don't embrace the past.
This life's too good to last,
And I'm too young to care.


(Interlude)

Don't kid yourself
And don't fool yourself.
This life could be the last
And you're too young to see.
Woah...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Back to England



Estou de novo em Inglaterra.
Vim ca para uma consulta da minha filha e aproveitei para matar saudades ( ja tinha) desta cidade. Desta vez de avioes, nao de comboio, e mais caro e nao sei se vale a pena. O que se anda hoje em dia nos aeroportos de Herodes para Pilatos. nos scannings, nos check-ins etc. cansa mais do que andar tres horas no comboio a ver a paisagem ou a dormitar. O aviao de Londres para Leeds parecia ter sido fretado por uma familia de ingleses, eram pouquissimos e todos bifes. Eu parecia uma extraterrestre no meio delas e talvez por isso tiraram-me uma foto nos passaportes!!! Devo ter cara de terrorista :))).href
Mas continuo a adorar esta gente e sobretudo o ambiente dos locais. No aeroporto de Gatwick estive uma hora sentada num fauteil do cafe a ler A Insustentavel Leveza do Ser, sem que ninguem me chateasse ou quisesse o lugar. O aeroporto e cheio de lojinhas, super agradavel e calmo. Estamos em Outubro. As arvores aqui ja respiram outono, amanha vou dar uma volta pelo parque se estiver bom tempo.
Sinto-me em casa e curiosamente, nao sinto tanto a falta dos meus filhos e netos.
Nao irei ao atelier esta semana - mais uma. Sorry. O oleo fica para depois. Amanha vou-me inspirar nos quadros do Museu toda a manha....enquanto a minha filha estuda.
Beijinhos e ate a volta!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

À minha filha

Hoje acordei com os passarinhos, que aqui cantam a qualquer hora. Na casa ao lado há um grande pinheiro manso, que por sinal, tem sido motivo de desavenças por nos roubar bastante sol da parte da tarde. O pinheiro agora cresceu e está acima dos telhados, dá um tom florestal ao jardim e abriga estes seres maravilhosos - não sei como se chamam - que cantam desalmadamente, em uníssono com o mar e com o vento simultaneamente.

Gravei-os em vídeo.Vai levar algum tempo a descarregar. Oxalá consigam ouvi-los:



E embora este poema de Sophia nada tenha a ver com os pássaros do meu filme, resolvi transcrevê-lo, pois tem muito a ver comigo e aquilo que estou a viver neste momento. Dedico-o à minha filha Luisa, cuja expressão de felicidade aqui na Luz me encanta.



O POEMA

O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê

O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo



Sophia Mello Breyner: De Livro Sexto (1962)

Em vez de poema....leia-se blogue...e adapta-se a mim, que não sei fazer poemas.