A minha filha faz anos e quis festejá-los indo ao museu. No ano passado fomos ao Sea Life e há dois anos à Feira do Artesanato. Almoçámos juntos em família, mas depois o resto da tarde é sempre dela e minha já há anos. Não é preciso muita gente, ambas temos gostos parecido ,amamos a beleza e sobretudo, o silêncio. O meu neto compôs o ramalhete.
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terça-feira, 30 de agosto de 2011
Serralves forever
A minha filha faz anos e quis festejá-los indo ao museu. No ano passado fomos ao Sea Life e há dois anos à Feira do Artesanato. Almoçámos juntos em família, mas depois o resto da tarde é sempre dela e minha já há anos. Não é preciso muita gente, ambas temos gostos parecido ,amamos a beleza e sobretudo, o silêncio. O meu neto compôs o ramalhete.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Beethoven e o meu Avô

Em geral, quando se fala dos concertos de Beethoven, cingimo-nos aos de piano, do 1º ao 5º todos são muito populares, sobretudo os 3,4 e 5. Já gostei mais duns que outros, mas ouvi-los faz-me sempre go down memory lane, ou seja, voltar ao bau de memórias, à casa dos meus Avós , na Rua Vale do Pereiro em Lisboa.
O escritório do meu Avô era um pequeno mundo de coisas insólitas para mim, em criança. Tinha estantes escuras a toda a volta, estantes essas que ainda estão em casa da minha irmã, já bastante carcomidas.No meio dos livros havia de tudo, caveiras dos mais variados materiais e feitios, mas sempre com os dentes de fora e olhos metidos para dentro,


E porquê falar de Beethoven neste contexto? Porque oiço o concerto de violino opus 61 interpretado maravilhosamente no Mezzo por um violinista que desconheço e percorro o caminho até aos meus dez anos, em 1956, quando os meus pais me levaram a um concerto pela primeira vez. Tocava o David Oistrack, um monstro do violino,

O meu avô costumava deitar-se numa chaise longue forrada de veludo e cujos braços acabavam em forma de mãos. Escolhia a Emissora 2 e ouvia todos os concertos que transmitiam durante o dia - os que ele gostava e não considerava "palha".
Ouvi este e muitos outros concertos sentada ao colo dele ou então já na minha caminha, com a porta aberta, não muito longe do escritório. Beethoven era o seu compositor de eleição, a par de Verdi.
O violino é um instrumento lindíssimo. Estou a ver o meu neto a tocar daqui a uns anos um concerto destes. Deus queira.
É assim a evolução das gerações, o milagre das famílias e o que nos anima a viver o nosso dia-dia, com os anos a correr cada vez mais depressa.
E do concerto de violino - interceptado por uma chamada no skype do meu filho que está em San Francisco - passámos para a 5ª Sinfonia de Beethoven. E agora relembro as tardes em que eu tentava tocar o Andante no piano, simplificado, com o meu Avô a dirigi-lo com o braço, dando enfase aos FF - fortíssimos - para que a peça fosse tocada com expressão. Eu obedecia e vibrava.
E com esta oferta musical da TV....como aguentar os debates políticos e pensar em eleições? Não se pode votar em Beethoven, infelizmente.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Swan Lake- vivências infantis
Quando eu tinha dez anos, os meus Pais resolveram ir numa viagem a França, Inglaterra e Escócia (ao Festival de Edimburgo) e escolheram os meus irmãos mais velhos para os acompanharem. os cinco mais novos ficaram todos em casa com os meus Avós. Os meus Pais foram de carro e só cabiam tres filhos, era uma longa viagem. É claro que fiquei triste, durante dias chorei com saudades da minha Mãe e com um sentimento de injustiça, que nunca foi inteiramente sanado.
Passei os dias à espera que voltassem e, ao menos, trouxessem algumas coisas giras que não houvesse em Portugal - como as bics, gabardinas, livros ou pastas para o colégio.
Quando chegaram, as minhas irmãs vinham excitadíssimas. Mostraram as prendas de que já nem me lembro. Mas houve uma que me ficou na memória: dois discos -albuns em vinil do bailado : O Lago dos Cisnes - Swan Lake de Tchaikovsky - lindíssimos com fundo azul escuro e as figuras do par principal em branco.
Parece que os estou a ver. As minhas irmãs tinham ido ver o ballet em Edimburgo e contaram-me a história toda, com pormenores, á medida que íamos ouvindo o disco.
Fiquei completamente "apanhada". Vi o conto na minha cabeça dezenas de vezes como se tivesse lido a história em livro ou visto o filme, não conseguia pensar noutra coisa, passei horas a ouvir e ouvir os discos, sentada no chão ao pé do móvel radio-gira discos.
Não sei se chorei com a morte dos dois amantes no fim,mas aquela música arrebatava-me e fazia-me sonhar como se eu própria estivesse envolvida num conto de fadas, de bruxos e de princesas enfeitiçadas. A minha imaginação criava o resto, não havia filmes, nem vídeos, nem TV, nem suportes visuais. A minha mente encheu-se de imagens inventadas, que ainda hoje vejo. Nenhum espectáculo ao vivo do Lago dos Cisnes, que mais tarde pude ver, me impressionou tanto como aqueles momentos vividos junto ao aparelho de som.
Ainda hoje a música de Tchaikowsky me impressiona, sobretudo o leitmotiv principal dessa suite e o fim trágico dos dois príncipes, que desaparecem dentro do mar.
Ontem, recebi da minha amiga Maria do Céu uma referencia para o Youtube e resolvi colocá-lo aqui para que todos possam ver a maravilha do circo chinês, interpretando uma coreografia do Swan Lake diferente do clássico, em que o bailado é, em parte substituído por ginástica. A graciosidade dos movimentos acrobáticos é extraordinária.
Obrigada, Maria do Céu!
Passei os dias à espera que voltassem e, ao menos, trouxessem algumas coisas giras que não houvesse em Portugal - como as bics, gabardinas, livros ou pastas para o colégio.
Quando chegaram, as minhas irmãs vinham excitadíssimas. Mostraram as prendas de que já nem me lembro. Mas houve uma que me ficou na memória: dois discos -albuns em vinil do bailado : O Lago dos Cisnes - Swan Lake de Tchaikovsky - lindíssimos com fundo azul escuro e as figuras do par principal em branco.

Fiquei completamente "apanhada". Vi o conto na minha cabeça dezenas de vezes como se tivesse lido a história em livro ou visto o filme, não conseguia pensar noutra coisa, passei horas a ouvir e ouvir os discos, sentada no chão ao pé do móvel radio-gira discos.

Ainda hoje a música de Tchaikowsky me impressiona, sobretudo o leitmotiv principal dessa suite e o fim trágico dos dois príncipes, que desaparecem dentro do mar.
Ontem, recebi da minha amiga Maria do Céu uma referencia para o Youtube e resolvi colocá-lo aqui para que todos possam ver a maravilha do circo chinês, interpretando uma coreografia do Swan Lake diferente do clássico, em que o bailado é, em parte substituído por ginástica. A graciosidade dos movimentos acrobáticos é extraordinária.
Obrigada, Maria do Céu!
sábado, 20 de novembro de 2010
Tarde calma de outono
Lá fora chuvisca de vez em quando, mas quando as nuvens não estão muito espessas, abrem-se clareiras luminosas de uma cor dourada-prateada magníficas. As árvores saúdam esta luz benfazeja, brilhando em todas as suas gotículas. Uma imagem que se alia ao cheiro característico da humidade entranhada na natureza, só possível nestas épocas de invernia.
O meu neto assobia melodias várias enquanto constrói uma carro em LEGO, bem complexo, com peças minúsculas,
Na cozinha, pinto e preparo um assado ao mesmo tempo. Vou-lhe fazer peixinhos da horta, a ver se ele come vagens ( diz que não gosta).
O meu quadro está um pouco gótico, mas hoje enveredei pelo roxo e lilás, cores de que que gosto muito. São invernias também.
Nos intervalos dos assobios, ponho a tocar os Improvisos de Schubert. Maria João Pires no seu melhor.
Quereria guardar estes momentos e metê-los num cofre para os abrir quando, já senil, não puder viver a 100% e os netos já forem grandes , estiverem ocupados e eu rodeada de estranhos. É uma imagem que me assusta.
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