Vamos com prazer para a praia, mesmo que seja em Março.
Hoje nem era preciso casaco, tive de o meter no saco, dobrei as calças até ao joelho, descalcei as botas, arregacei as mangas e , mesmo assim, estava calor intenso cá fora na varanda do meu querido café dos Ingleses. Com receio do sol todosos comensais se tinham abrigado debaixo dos guarda sois ou no café, onde as janelas panorâmicas deixavam avistar um mar imenso, com ondas altas, desdobrando-se umas sobre as outras e vindo morrer em branca espuma aos nossos pés.
Gosto daquela varanda porque tenho sempre a sensação de estar num navio, sós se vê uma nesga de areia e as rochas. A praia maior fica do outro lado. Hoje já havia alguns afoitos a molhar os pés ou mesmo um mergulho rápido. Quase não havia gaivotas, deviam estar abrigadas do calor em qualquer outro lado mais fresco. Cheirava a maresia quando cheguei, o que nem sempre acontece. É um cheiro a algas que me inebria. Li mais umas páginas de "pequenas Memórias" de Saramago,um livrinho muito interessante, que me está a agradar imenso pela ironia e facilidade com que descreve as suas pequenas façanhas da infância e adolescência.
Hoje ouvi Vivaldi, não muito alto para não abafar o barulho das ondas, que era tronitruante. Este compositor é sempre surpreendente para mim, agora que oiço o meu neto tocá-lo duma forma tão expressiva. Os concertos para flauta, oboé ou violino são lindíssimos e transmitem uma alegria íntima e serena.
fica aqui um excerto de La Notte, concerto para flauta dos que mais gosto. O meu filho tocava-o em tempos...que saudades.
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sábado, 10 de março de 2012
domingo, 25 de setembro de 2011
O Verão não nos quer deixar
Hoje esteve uma tarde de verão e passei quatro horas na Foz, onde o ambiente era estival. Muitos estrangeiros de mapa na mão a apanhar o mesmo autocarro que eu em direcção à Foz. Não esperei nem um minuto e ai estava o 204, azul e branco , as minhas cores favoritas.
Um verdadeiro sonho a dois passos de casa.
Vejam bem....nenhum pintor consegue transmitir esta maravilha...
Cliquem nelas que vale a pena....
sábado, 27 de agosto de 2011
Ainda o verão...e o mar
É tão bom sentir o calor do sol nestes dias assim.
Estive na praia dos Ingleses - cheia de turistas-
a gozar da luz e frescura da espuma e da nortada que já se fazia sentir. Levo sempre camisola para o que der e vier e hoje soube-me bem.
Não havia música exterior, apenas o estrepitar das ondas sobre o rochedo que faz daquela praia e daquela
Um senhor já entradote estava sentado numa rocha e deixava-se vergastar pelas ondas que entravam por uma nesga e formavam um jacuzzi natural. Estava divertidíssimo e não achava a água fria...pelos vistos. Muitas senhoras em bikini espanejavam-se deliciadas na areia, sem qualquer vergonha de mostrar a celulite.
Liberdade é a palavra que melhor associo a estas praias aqui do Norte....cada um faz o que quer, ninguém repara, todos estão felizes, não há gritos nem berros, o mar cala-os a todos.
domingo, 20 de março de 2011
Último dia de inverno, primeiro de primavera...ou será que já é verão?
Dia espectacular....ameno, quente, sem vento, luminoso...uma daquelas ofertas que o Além nos presenteia todos os anos para compensar dos males da política, da mesquinhice, da pobreza cultural, do carácter pouco sério do povo , em geral, ou para elevar um pouco a nossa moral que anda de rastos.
Que dizer dum dia destes em que mais parece que os deuses desceram do Olimpo para nos agradar?
Fui para a Foz pelas 12. Apanhei o autocarro das 12.13 e já na paragem, aproveitei o calor de "estufa" para me consolar. Gosto desta paragem de autocarro com banquinho para nos sentarmos, em frente ao muro do Botãnico, contemplando as árvores, muitas delas ainda depenadas, outras, como os ciprestes, cameleiras e palmeiras, cheias de viço.
Na Praia dos Ingleses, havia apenas uma deck-chair,
mesmo à ponta em frente ao rochedo, que podem ver nas fotos, aquele que nos oferece espectáculo de graça sempre que a maré sobe e as ondas se arremessam contra o desgraçado sem dó , nem piedade.
Já há bastante tempo que as minhas idas não coincidiam com a hora da maré cheia, hoje foi em pleno. Estive lá até às 15.30, para presenciar mais uma grande exibição. É claro que tirei fotos desta feita com o I'Touch e a camara, para ver quais ficavam mais bonitas.
Li o Publico enquanto ali estava e na revista encontrei algo de insólito que me despertou a atenção : um conto escrito por 26 pessoas diferentes . Um escritor, Gonçalo M. Tavares iniciou-o e muitas pessoas colaboraram na redacção do mesmo. Já uma vez tinha visto algo parecido num site da BBC English e tinha aproveitado para colocar um excerto num dos meus manuais, incitando os alunos a escreverem mais um parágrafo ou dois. O resultado foi sempre interessante, pois o facto de não ser obrigatório acabar a história é, por vezes, mais aliciante.
O ambiente na esplanada não podia ser melhor, alguns turistas embevecidos a olhar para as ondas e com algum receio de que um tsunami viesse galgar a varanda do café e engulir-nos a todos. Mas nada demais, apenas salpicos e a boca salgada.
Vim para casa em 12 minutos num autocarro que chegou cheio de velhinhos à Foz e veio quase vazio até ao Lordelo. Pouco gastei e tive uma tarde em beleza. Laos Deo!
Fica aqui um poema de Sophia para celebrar este dia e o milagre do mar.
Que dizer dum dia destes em que mais parece que os deuses desceram do Olimpo para nos agradar?
Fui para a Foz pelas 12. Apanhei o autocarro das 12.13 e já na paragem, aproveitei o calor de "estufa" para me consolar. Gosto desta paragem de autocarro com banquinho para nos sentarmos, em frente ao muro do Botãnico, contemplando as árvores, muitas delas ainda depenadas, outras, como os ciprestes, cameleiras e palmeiras, cheias de viço.
Na Praia dos Ingleses, havia apenas uma deck-chair,
Li o Publico enquanto ali estava e na revista encontrei algo de insólito que me despertou a atenção : um conto escrito por 26 pessoas diferentes . Um escritor, Gonçalo M. Tavares iniciou-o e muitas pessoas colaboraram na redacção do mesmo. Já uma vez tinha visto algo parecido num site da BBC English e tinha aproveitado para colocar um excerto num dos meus manuais, incitando os alunos a escreverem mais um parágrafo ou dois. O resultado foi sempre interessante, pois o facto de não ser obrigatório acabar a história é, por vezes, mais aliciante.
O ambiente na esplanada não podia ser melhor, alguns turistas embevecidos a olhar para as ondas e com algum receio de que um tsunami viesse galgar a varanda do café e engulir-nos a todos. Mas nada demais, apenas salpicos e a boca salgada.
Vim para casa em 12 minutos num autocarro que chegou cheio de velhinhos à Foz e veio quase vazio até ao Lordelo. Pouco gastei e tive uma tarde em beleza. Laos Deo!
Fica aqui um poema de Sophia para celebrar este dia e o milagre do mar.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Pedacinhos de mar


Um poema encontrado na net que va ao encontro dos meus pensamentos.
Te me acercas
contándome al oído milagros
de miles de leyendas
que quedaron entre tus aguas.
Me salpicas
con espumas inundadas de misterios
de otros tiempos y distancias,
con lamentos de promesas
que perdieron sus palabras
en tus bajamares intensos...
Y yo me acerco y te salpico
sabiéndome tan pequeño,
tan desconsoladamente chico,
tan solo entre mis gentes cotidianas,
que me apabullan tus mareas,
tus olas y tus resacas.
A veces me respondes...
Pero de continuo callas y resbalas
en las arenas de mi playa
que esperan impacientes tus respuestas.
Luis El Prieto - Cadiz - 2000
domingo, 21 de fevereiro de 2010
E a Foz aqui tão perto
É inacreditável. Em que parte do mundo é que se tem o mar assim tão perto duma segunda cidade do país, fazendo parte integrante da cidade, banhando-a de águas bem salgadas e tornando os nosso passeios em fulgorantes contactos com a Natureza?
Hoje resolvi ir fazer o meu passeio "dos tristes" ( não sei porque o apelidaram assim, pois todas as pessoas que vi estavam felizes e em paz).
O dia estava um pouco instável, com vento de sudoeste a prometer viragem, mas o céu tinha longas manchas azuladas,não chovia e a paisagem tornava-se animada, vigorosa e até encapelada.
Estive fora enquanto aguentei a aragem, depois fui para dentro, sentei-me nos belos pouufs do café dos Ingleses - o melhor café da Foz. Lá dentro parece que se está num barco, pois a varanda debruça-se sobre o mar e nem se vê a areia.


Mais tarde fui até à areia que estava limpinha como na época balnear- dizem que o molhe impede as destroços de virem para as praias, ainda bem. Não se via uma garrafa, uns sapatos, peixes mortos, nada se não seixinhos lindos, conchinhas e a espuma enorme, lindissima espraiando-se pelo areal.
Quando dei por ela, estava toda molhada até aos joelhos. Veio uma onda grande com que não contava e lá se foram as minhas novas sapatilhas do Lidl ( 4 euros) , e as calças de malha, meias, etc. Tudo a cheirar a mar....:))
O autocarro leva 10 minutos da minha casa a R. Do Farol, a 2 minutos da praia. Sei o horário e não espero nunca. É o ideal para não ter de arrumar carros, nem pagar um balúrdio por um taxi. Sou uma privilegiada por andar de autocarro, sem o minimo problema. Fazia-o em Lisboa, fi-lo em Londres, na Alemanha, em todo o lado, porque não aqui no Porto?
Por favor, cliquem nas fotos. Vale a pena!
domingo, 17 de janeiro de 2010
Tinta a transbordar
Tenho tantas tintas que elas transbordam das telas....foi esta a ideia que presidiu à criação dum novo quadro.
"Estás a mentir", diria o meu neto, com um sorriso....ou "Estás a ser irónica", como já disse uma vez à Mãe, quando ela comentou que tinha três filhos rapazes e que "era uma alegria".
Gravei há tempos uma fotografia de que gostei bastante, em que se usava o photoshop para conseguir um efeito especial. Resolvi transformá-la numa tela. Não sei se o efeito é o mesmo, mas que ficou especial, lá isso ficou!!

E como não sei fazer poemas, transcrevo aqui um longo, mas belo de Fernanda de Castro:
Não fora o mar,
e eu seria feliz na minha rua,
neste primeiro andar da minha casa
a ver, de dia, o sol, de noite a lua,
calada, quieta, sem um golpe de asa.
Não fora o mar,
e seriam contados os meus passos,
tantos para viver, para morrer,
tantos os movimentos dos meus braços,
pequena angústia, pequeno prazer.
Não fora o mar,
e os seus sonhos seriam sem violência
como irisadas bolas de sabão,
efémero cristal, branca aparência,
e o resto — pingos de água em minha mão.
Não fora o mar,
e este cruel desejo de aventura
seria vaga música ao sol pôr
nem sequer brasa viva, queimadura,
pouco mais que o perfume duma flor.
Não fora o mar
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusão, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.
Não fora o mar
e, resignada, em vez de olhar os astros
tudo o que é alto, inacessível, fundo,
cimos, castelos, torres, nuvens, mastros,
iria de olhos baixos pelo mundo.
Não fora o mar
e o meu canto seria flor e mel,
asa de borboleta, rouxinol,
e não rude halali, garra cruel,
Águia Real que desafia o sol.
Não fora o mar
e este potro selvagem, sem arção,
crinas ao vento, com arreio,
meu altivo, indomável coração,
Não fora o mar
e comeria à mão,
não fora o mar
e aceitaria o freio.
Fernanda de Castro, in "Trinta e Nove Poemas"
"Estás a mentir", diria o meu neto, com um sorriso....ou "Estás a ser irónica", como já disse uma vez à Mãe, quando ela comentou que tinha três filhos rapazes e que "era uma alegria".
Gravei há tempos uma fotografia de que gostei bastante, em que se usava o photoshop para conseguir um efeito especial. Resolvi transformá-la numa tela. Não sei se o efeito é o mesmo, mas que ficou especial, lá isso ficou!!

E como não sei fazer poemas, transcrevo aqui um longo, mas belo de Fernanda de Castro:
Não fora o mar,
e eu seria feliz na minha rua,
neste primeiro andar da minha casa
a ver, de dia, o sol, de noite a lua,
calada, quieta, sem um golpe de asa.
Não fora o mar,
e seriam contados os meus passos,
tantos para viver, para morrer,
tantos os movimentos dos meus braços,
pequena angústia, pequeno prazer.
Não fora o mar,
e os seus sonhos seriam sem violência
como irisadas bolas de sabão,
efémero cristal, branca aparência,
e o resto — pingos de água em minha mão.
Não fora o mar,
e este cruel desejo de aventura
seria vaga música ao sol pôr
nem sequer brasa viva, queimadura,
pouco mais que o perfume duma flor.
Não fora o mar
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusão, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.
Não fora o mar
e, resignada, em vez de olhar os astros
tudo o que é alto, inacessível, fundo,
cimos, castelos, torres, nuvens, mastros,
iria de olhos baixos pelo mundo.
Não fora o mar
e o meu canto seria flor e mel,
asa de borboleta, rouxinol,
e não rude halali, garra cruel,
Águia Real que desafia o sol.
Não fora o mar
e este potro selvagem, sem arção,
crinas ao vento, com arreio,
meu altivo, indomável coração,
Não fora o mar
e comeria à mão,
não fora o mar
e aceitaria o freio.
Fernanda de Castro, in "Trinta e Nove Poemas"
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