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domingo, 25 de março de 2012

O primeiro concerto de Beethoven

Depois duma curta brincadeira no pátio da minha casa com a nova coqueluche dos miúdos - os populares Bey-Blades, espécie de piões que giram dentro duma pista tipo alguidar e travam lutas entre si até um parar, voltei a casa e sintonizei o BRAVA HD, novo canal de Musica Clássica.

Maravilha. KISSIN no seu melhor. Mais velho, com a cabeleira ainda mais alta ( tipo toucado do Nicolau Tolentino, lembram-se?), todo vestido de branco, com o seu "blackitie", tocando o primeiro concerto de Beethoven, o mais mozartiano dos seus concertos, mas já com muita da garra beethoveniana.

Sentimento, subtileza e clareza, mas não a magia do meu querido Sokolov. Este menino bonito, que foi considerado um génio em criança, já não nos faz parar como dantes. Reconheço-lhe talento, quem sou eu , afinal , para pôr em causa a sua genialidade? As notas saem alegres, vivaças, ritmadas, mas não tão leves como eu desejaria.
Também pode acontecer que isso se deva à gravação, que, na TV nunca é tão boa.

Este concerto é electrizante, duma jovialidade excepcional, faz-me lembrar alguns de Saint-Saens, com leitmotifs pujantes, sopros intervenientes, contracenando com o piano, numa troca de mimos vibrante.

O meu neto entrou hoje num concurso de piano em Vila Praia de Ancora e ganhou o prémio de interpretação, o que me orgulha muito. Não é um Kissin, a sua especialidade é o violino, mas o que sei é que ele pôe sentimento em tudo o que faz e isso é o mais importante. Os seus pianíssimos e fortissimos destacam-se, a virtuosidade já se nota desde pequeno.

A orquestra entusiasma-se neste final do 3º andamento. Os dedos de Kissin deslizam, cavalgam, saltitam ao ritmo dos violinos e clarinetes. Briilhante. Aplausos e Bravos estrondosos. Bendita BRAVA HD, que me permite estar numa sala de concertos sem sair de casa.

Instado pelas ovações, Kissin senta-se de novo e toca um Nocturno de Chopin. Lindo.

Como gostaria de ter a minha Mãe aqui junto a mim.Passam por mim névoas de memórias caladas , mas não adormecidas, momentos sublimes em família, ouvindo Chopin, as cortinas da janela estremecendo ao som e vibração do piano, a calmaria das tardes na nossa grande casa, onde se respeitavam estas horas de recolhimento e sossego espiritual.

Perante a insistência do publico entusiasmado, Kissin toca agora a Valsa Brilhante de Chopin.
Ó minha Mãe, vejo-a a si, sentada ao piano, desculpando-se por qualquer falha e pela falta de domínio das teclas insubordinadas...nostalgia da infância, gratidão e emoção, tudo junto. A certeza de que enquanto viver, nunca hei-de esquecer.

sábado, 17 de março de 2012

Alfred Brendel , Claude Abbado e Beethoven

Oiço-os no MEZZO. 3º Concerto de Beethoven. Êxtase . Emoção. Harmonia. Sensibilidade. Sintonia perfeita.

Tantas vezes ouvi este concerto na minha casa da infãncia ou em casa dos meus avós, junto ao rádio sempre sintonizado para a Emissora 2, que o meu Avô adorava à falta de um gira-discos ou grafonola. Nunca os teve, embora fosse um amante incondicional dos grandes clássicos e românticos e das óperas italianas. Comecei a ir a concertos no Coliseu aos dez anos e era já com emoção que me deixava impregnar deste amor à música, sem a qual a minha vida seria tão mais cinzenta e ausente.

Os dedos percorrem as teclas e adivinho o som que vai sair, prevejo a tonalidade sonora, antecipo a pausa, deslizo com as escalas, embalo-me na orquestra e sob a batuta do maestro.

O ambiente é divinal. Brendel está velhinho,
os seus óculos tremem assim como o seu cabelo branco, mas os dedos não falham um trilo, um bemol ou sustenido. Tocar assim deve encher uma vida. E enriquecer a dos outros.

O Allegro salta como um adolescente aventureiro depois do adágio melancólico e pausado. Tudo vibra, os músicos seguem as notas que sabem de cor, tantas vezes já tocaram este concerto.
Brendel toca a cadenza, a orquestra espera ansiosa pelo remate final. Os sopros dão um ar da sua graça ou não fosse esta obra de Beethoven. Suspense , os violoncelos criam a expectativa em tom plangente, logo seguidos pelos violinos. Pizzicatos em surdina preparam a apoteose final.Abbado sorri, as trompetes sorriem também. E os clarinetes e as trompas....acompanham o sorriso dos dedos de Brendel. Perfeição no écran.

Fica aqui um video (com outros intérpretes) para comprovarem esta maravilha. Se Beethoven não tivesse vivido, o mundo da música seria menos surpreendente e nós muito mais pobres.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Mitsuko Ushida

Ligo para o Mezzo, depois de ter pendurado roupa, arrumado roupa, dobrado roupa....enfim tratado do que é meu e que urge meter nas gavetas ou nos armários.Tarefa pouco interessante, para não dizer entediante. Sento-me na sala e ligo a TV - MEZZO, claro.
Petrifico ao ouvir os acordes de piano, algo conhecido, tão querido aos meus ouvidos que imediatamente carrego no som e olho para as imagens para ver quem me adoça assim este pedaço da tarde.
É ela, a espantosa pianista Mitsuko Ushida que ouvi há dois anos aqui na Casa da Música a tocar sonatas de Beethoven duma forma arrebatadora. Toca o Concerto nº 4 de Beethoven, o preferido do meu Pai, que ele ouvia vezes sem conta. Esta artista é única, espantosa, que me dera que voltasse ao Porto. Naquela tarde, a plateia rendeu-se , todos aplaudiram de pé. Expansiva e temperamental, uma figura eloquente ao piano.Mitsuko Ushida, um nome que nunca mais se esquece.

Obrigada pela oferta, Mezzo...já ganhei o dia.

Aqui fica um excerto do concerto:

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Pastoral

Hoje antes de ir para o ginásio, resolvi fazer um quadrinho sobre este tema para juntar aos outros que estão à espera de molduras adequadas. Ficou em stand-by enquanto estive fora, mas quando voltei pelas 3.30, estava um sol esplendoroso a jorrar sobre a mesa da cozinha, onde pinto. O quadro
parecia que tinha vida, iluminado pelo sol dourado e convidativo a um passeio bucólico pelos montes e vales, que infelizmente não aconteceu. Fiquei aqui a acabá-lo e parece-me que liga bem com os outros. É pequenino,só tem 20x10 embora na foto pareça enorme.
E para que esta entrada não fique demasiado pobre, acrescento um vídeo espectacular da Sinfonia Pastoral de Beethoven, uma das minhas preferidas, que usei em tempos nas aulas para motivar os alunos para o tema música. Na altura, convidei uma flautista da antiga Regie Symphonie, que era minha colega na Escola Profissional de Música e uma intérprete invulgar, Wendy Quinlan, australiana, para vir tocar uns pedacinhos desta sinfonia na aula. Os meus alunos adoraram. E eu também.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Música na TV

Ouvi dizer que hoje é o dia Mundial da TV. Não confirmei, nem estou especialmente interessada. o Dia da TV é sempre que eu quero....e posso...e mando.


Neste momento, através da TV - Mezzo - estou a regressar aos meus dez anos, ao primeiro concerto a que fui na minha vida, no Coliseu de Lisboa. Tocava violino o célebre David Oistrack e o concerto era precisamente este: Beethoven, o seu único concerto para violino, opus 67, lindíssimo, tocado agora por Anne-Sophie Mutter, a menina prendada e protégée de Karajan. Merecidamente, visti que é um portento de força e virtuosidade.

Em tempos quando dava aulas de Alemão, encontrei numa revista especial para o ensino da língua,um artigo sobre esta rapariguinha alemã, que tinha, na altura 15 anos e se deslocava todos os dias vários kms para ter aulas na Suiça. Levei a história verídica para a aula e os alunos ficaram muito interessados na menina da sua idade, tão promissora e corajosa.

Hoje vejo-a na TV com muitos mais anos, mas ainda uma figurinha linda, feições muito perfeitas e um sonho a tocar.
A Orquestra Sinfónica de Israel, conduzida por Zubin Mehta parece rezar uma prece à volta desta Madona. Os músicos até fecham os olhos durante os seus solos para melhor se empregnarem do som do violino.

Há momentos belos em cada dia....hoje parecia um dia cinzento, anónimo, ida ao supermercado, arrumar a casa, tratar da roupa, limpar o pó que teima em pegar-se aos móveis, dar um jeito à lareira, fazer o jantar... e eis que do nada, a música irradia pela minha sala e convida a uma pausa para contemplar e vibrar.

Obrigada Beethoven! Obrigada Anne Sophie! Obrigada Zubin! Obrigada MEZZO!



O jantar.....virá dentro de horas quando estiver capaz de o fazer:))

sábado, 16 de outubro de 2010

Beethoven e futebol II

Já uma vez aqui escrevi que gosto de ver futebol acompanhado de música clássica.

Gosto de ver a bola quando não saio. O hábito ficou dos inúmeros sábados que aqui passei com o meu filho mais novo que adorava futebol e via sempre a Premier League - Liga Inglesa. Hoje em dia já nem isso. O trabalho do CEJ é tão intensivo que não lhe deixa tempo para respirar e a vida dele resume-se em ir para o CEJ, biblioteca e casa para estudar e dormir. Nem vem aos fins de semana, pois as aulas à 6ª feira a tarde só lhe permitem gozar o sabado e parte do domingo....os bilhetes de comboio são caros para quem só ganha 900 euros e a viagem cansativa. Assim, há tres semanas que não o vejo, e embora fale com ele todos os dias, tenho a sensação de que está muito mais longe do que a minha filha em Leeds.
A vida é assim....é uma fase muito dura e só quem por lá passa, é que sabe...valham-nos as memórias de anos muito ricos e vividos em total harmonia.

Hoje estou a ouvir ""de rajada" os concertos para piano de Beethoven -3, 4, 5 e já há muito que não constatava assim esta extraordinária simbiose entre a harmonia e a força, os leitmotive já tão conhecidos mas sempre tão impressionantes, o constante jogo da orquestra com o piano, as esperas, o retomar, as cadências, o delírio das teclas, a exuberância das passagens instrumentais, a ansiedade pelas notas seguintes, a emoção, a solidariedade dos instrumentos.... este Beethoven é suspense, é suavidade, é sussurro, é toca e foge, é reencontro, é gozo, é Vida! Bem aventurados os que podem ouvir.

Deixo-vos aqui extractos dos meus andamentos preferidos desses concertos.
Bom fim de semana com ou sem futebol, mas com muita música.

sexta-feira, 25 de junho de 2010